Convite real para o muito ansiado baile de gala
Ouvem os sons delicados da música de câmara? Estamos em plena era do rococó. Luís XV é rei de França e todos querem estar presentes no Grande Baile que marca o final da estação. Melhor dizendo, todos querem estar presentes e impressionar os restantes convidados, através da vestimenta mais luxuosa e elaborada. Sim, este é o tempo do exagero, do sumptuoso, do ornamentado, e é essa atmosfera que Rococo procura reproduzir. Lançado inicialmente em 2013, o jogo teve uma edição Deluxe, em 2020, com materiais (e preço!) de primeira qualidade e um tabuleiro profusamente colorido a representar os salões e os bastidores do palácio que será palco do aguardado baile.
Mas uma ocasião tão majestosa requer, antes de mais, um trabalho aturado de preparação. Os jogadores veem-se assim transpostos para o papel de donos de um ateliê de costura, embora a sua tarefa se estenda para além de criar os vestidos e os fraques mais elegantes. O negócio, nesta era de aparências, requer também que se invista noutras áreas, marcando-se desse modo uma presença inolvidável no baile. Só assim se conseguirá alcançar a almejada fama perante o rei e a sua corte.
Investir muito e receber os dividendos ao som de foguetes
O começo será comedido, face à pequena equipa de aprendizes, artesãs e mestres. Mas, com esforço e boas decisões, conseguir-se-á contratar novos e melhores alfaiates e costureiras, comprar as sedas (azul, rosa, verde, laranja), linhas e rendas necessárias para fazer os trajes, e arranjar os primeiros clientes. O dinheiro que entrar em caixa servirá para renovar o ciclo, apostando em trabalhadores ainda mais qualificados e em designs cada vez mais elaborados. Porém, porque o Grande Baile é realmente épico, será aconselhável que se aplique parte dos ganhos a patrocinar os músicos, a decorar as estátuas, a pagar víveres para o banquete, a contribuir para o esplendor do foguetório.
Após sete rondas, em que os convidados, finamente vestidos pelos vários ateliês, se vão acumulando nos espaços disponíveis, todos assomarão à janela para assistir ao espetáculo de fogo-preso. Sobre o pano negro da noite, o céu ilumina-se de várias cores, mas os olhares dos jogadores começam lentamente a desviar-se para as contas finais. Quem terá conseguido amealhar mais pontos de prestígio perante Suas Majestades?

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À procura do lucro na vertiginosa fast-fashion
Passados alguns séculos sobre a morte de Luís XV, aos 64 anos, nos seus aposentos privados, o negócio da moda talvez tenha deixado de ser tão opulento. O pronto-a-vestir invadiu passarelas e lojas e, em 2010, serviu de inspiração para o jogo de tabuleiro Prêt-à-Porter. Neste jogo de estratégia económica, a proposta é sermos os gestores de uma empresa que procura alcançar o sucesso na feroz indústria da moda. Desenrolado ao longo do equivalente a um ano, o final de cada trimestre vê-se assinalado pelo ansiado desfile em que se apresentam as novas coleções. Mas, até chegar esse momento de glória ou falhanço público, há inúmeras tarefas a desempenhar. Sim, que a gestão de uma empresa, seja de que ramo for, não é pera doce.
Em Prêt-à-Porter, assinam-se contratos de curto prazo para gerar receitas (com um designer freelance, para a confeção de boinas, com uma agência de emprego…), constroem-se edifícios para expandir o negócio (abram alas ao escritório de design, à agência de investimentos, à base logística…), contratam-se novos funcionários (uma modelo superstar, um representante de vendas, um contabilista, etc.) e adquirem-se as matérias-primas ao armazém local ou, se necessário, recorrendo à importação. Para todas estas atividades será necessário bastante dinheiro e, se o balanço o exigir, pode aceder-se a linhas de crédito (atribuídas com base no potencial da próxima coleção) para gerar o cash-flow necessário; mas atenção aos respetivos juros e prazos de pagamento apertados! Aliás, muita atenção à contabilidade, pois, no final de cada turno, fazem-se contas aos gastos. Sim, os funcionários podem receber formação e os edifícios podem ser melhorados; mas isso terá impacto na folha salarial e nas rendas. E se não houver dinheiro para pagar tudo ao final do mês? Recorre-se novamente ao banco, desta vez para contrair um Empréstimo. Ao mesmo juro de 10%...

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Quem não pagar as dívidas, merece castigo
Dado que existem cinco estilos de design diferentes (noite, business, casual, rock e desportivo) e cinco tipos de roupa (casacos, vestidos, sapatos, calças e camisolas), a especialização num estilo poderá trazer benefícios, mas exigirá um cuidadoso planeamento estratégico. Enfim, se tudo correr bem, o desfile das nossas peças será um retumbante sucesso e gerará pontos de prestígio que, após o descer da cortina, terão influência no preço de venda de cada design. Com dinheiro fresco na mão, repete-se o processo de inventar novos designs e fabricar as respetivas peças, tendo em vista o próximo desfile, onde a competição pelos prémios – há distinções em quatro categorias: Qualidade, Tendência, Relações-Públicas, Quantidade – será ainda mais acesa. Hum, se Luís XV viajasse no tempo, de que coleção gostaria mais?
Se o monarca francês fosse um dos gestores em compita, provavelmente a sua empresa iria à bancarrota. É que este jogo moderno tem o cuidado de obrigar um jogador a declarar falência caso não consiga pagar os seus empréstimos. Nesses casos, nem sequer se acede à contagem final, na qual se soma o dinheiro nos cofres aos pontos de vitória. Fica-se logo posto de lado. E parece até que os restantes jogadores têm direito de lhe chamar nomes: «És um maltrapilho!»
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