Ah, a bela e inconfundível Paris…
Mesmo de avião, a capital francesa ainda fica a umas horas de distância, mas basta sacar da estante o jogo Paris (2020) para aterrarmos imediatamente na cidade ainda a viver o clima festivo da famosa Feira Mundial de 1899, que deu ao mundo a Torre Eiffel. Nesta cidade-luz pós-napoleónica, a entrar nos anos da “Belle Époque”, espera-nos a missão de adquirir e reabilitar as fachadas (e, assim o esperamos, os interiores também) que embelezam as artérias dos vários bairros; ao mesmo tempo, construiremos os monumentos que possam tornar-se mais um motivo de orgulho para os parisienses.
Na pele de magnatas do ramo imobiliário, temos de nos apressar a investir em edifícios de bela arquitetura, obter lucro com os mesmos e assim garantir meios para pôr de pé alguns dos edifícios e monumentos mais icónicos da cidade. Com um acentuado cunho económico, este Paris faz-nos levitar, através do nosso conjunto de chaves, entre as margens do Sena (que também têm valor imobiliário) e as grandes avenidas dos vários distritos. Adquirir um edifício exige recursos financeiros, mas concede as matérias-primas (madeira, mármore, bronze, prata, ouro) que serão necessárias para a edificação ou reabilitação de monumentos icónicos como o Palácio do Luxemburgo, o Louvre ou a Catedral de Notre-Dame.
Neste jogo de complexidade média, com regras e objetivos fáceis de dominar, ganham especial importância as peças de bónus que no final da partida valerão aos empreendedores mais alguns preciosos pontos de vitória. Aberta a garrafa de champanhe para comemorar o triunfo, chega a hora de partir para o próximo destino.
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Eu é que sou o presidente da câmara!
Em Hamburg (2022), espera-nos outro tabuleiro que apela à nossa estratégia económica, desta vez com a introdução de dados e cartas nos mecanismos de jogo. Aqui assumiremos o papel de cidadãos relevantes de Hamburgo, algures por volta do ano 1890, a lutarem pelo objetivo de alcançar o cargo de presidente da Câmara Municipal. Para o conseguir, terão de auxiliar o florescimento da cidade, algo que se traduz numa forma bem visível de aumentarem o seu estatuto e a sua influência local. Através de um conjunto de cartas, os jogadores preparam terrenos para a construção de edifícios, expandem os parques e o jardim zoológico, reparam a muralha que rodeia a cidade.
O tabuleiro mostra várias áreas importantes de Hamburgo, como a Bolsa, o Porto, o Armazém, a Câmara e a respetiva praça, a Igreja de S. Miguel e será neste pano de poder económico e social que, através de estratégias bem delineadas, se ganha dinheiro e pontos de vitória.
Ao longo de oito estações, os candidatos a autarca terão igualmente de lidar com os efeitos nocivos de vários tipos de desastres - fogos, inundações, doenças, tumultos da população, deterioração dos edifícios. (Hum... será que foi o nosso adversário a mandar incendiar o nosso armazém?) De volta ao mapa, há muito por onde escolher, já que as cartas na nossa mão podem pertencer a uma de 22 categorias. Quer-se uma cidade que tenha Arte, Governo, Banco, Igreja, Circo, Indústria, Comércio, Universidade, Teatro e até coisas menos óbvias como sociedades secretas, submundo do crime ou misticismo. E, por estarmos em Hamburgo, convém, claro está, não esquecer as obras realizadas no porto.
Tudo isto girará em redor de ações básicas como ganhar dinheiro, contratar trabalhadores, reduzir o nível dos desastres ou, o mais gratificante, construir edifícios. No final, em caso de empate, ganha quem tiver mais dinheiro. Óbvio! E será já investidos do título de Supremo Presidente da Livre e Hanseática Cidade de Hamburgo que rumamos à nossa próxima e derradeira paragem. Quem sabe se eles não precisam de um autarca com provas dadas?
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E que tal uma aldeia piscatória norueguesa?
Bom, se calhar, em Nusfjord (2017), uma terreola no norte gelado da Noruega, as nossas influências políticas ou as nossas fortunas amealhadas no imobiliário não terão grande impacto. Aqui precisa-se, sobretudo, de trabalho braçal para deitar abaixo árvores, construir um porto e... pescar. Talvez seja melhor vestirmos outra indumentária – a de proprietário de uma grande companhia pesqueira – e tratar de contratar gente para desbastar um bocadinho de floresta (só um bocadinho, prometemos) e construir mais barcos para aumentar a capacidade da nossa frota. Mas, enfim, o instinto empresarial também será necessário para decidir quando devemos emitir ações da nossa empresa ou comprar ações de empresas adversárias que nos possam gerar dividendos. Provavelmente, poderemos igualmente recorrer ao que aprendemos nos jogos anteriores para ir ao Conselho desta aldeia meio perdida no arquipélago das Lofoten e tentar persuadir os anciãos a juntarem-se aos nossos esforços. É que eles (e este "eles" pode representar um Marinheiro, um Gestor de Floresta, um Construtor de Lago) serão certamente uma ajuda preciosa.
No desenvolvimento da ilha, os empresários podem construir vários edifícios, desde a mais simples banca de venda de peixe até ao imponente farol. Ou as muito úteis serralharia e casa de barcos, sem esquecer zonas residenciais para os pescadores. Na verdade, a primeira fase de cada ronda é precisamente a da pesca; portanto, até convém que os nossos trabalhadores usufruam das melhores condições possíveis. E, dado que não desejamos explorar insensatamente os recursos da ilha, existe uma ação que permite reflorestar porções do nosso tabuleiro. Árvore usada, árvore plantada.
O grande problema deste jogo, no entanto, é outro. Agora que nos vimos remetidos para os fiordes das terras escandinavas, rodeados de ar puro e com vista para o imenso mar azul, quem é que nos convence a voltar à cidade? Tenho a impressão de que vamos é vender as ações da nossa bem-sucedida companhia, pegar na cana-de-pesca e gozar uma reforma antecipada.
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