Para o ajudar a diminuir a sua pegada plástica e a poupar dinheiro, a ZERO lançou no passado mês de julho, a propósito do movimento #plasticfreejuly, uma campanha de sensibilização para a redução do uso de plástico, disponibilizando uma pequena brochura com um exemplo de poupança deste recurso para cada dia do mês.
Agora pedimos-lhe que aplique estes princípios aos restantes 11 meses do ano. E porquê?
No caso deste artigo, procuramos demonstrar que a recusa do uso de plástico no nosso dia a dia, numa simples ida ao supermercado, pode resultar numa poupança direta real no nosso orçamento familiar e tem um impacto ainda maior no ambiente.
Vamos agrupar a poupança em três grandes áreas da nossa vida quotidiana.
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1. Descartáveis de usar e deitar fora
Os sacos de plástico para as compras, as garrafas e os garrafões de plástico, os copos de papel ou de plástico descartáveis, as palhinhas e toda a panóplia de soluções fáceis e "convenientes" que nos oferecem diariamente são uma solução mais barata apenas a muito curto prazo.
As soluções reutilizáveis podem ter um investimento inicial um pouco maior, mas quanto mais vezes as usarmos, mais poupamos. Nós, como consumidores e, obviamente, de um modo muito mais significativo, o planeta.
A pensar nisto, deixamos algumas sugestões que podem representar poupanças financeiras, ambientais e (algumas) até de saúde:
- Opte por usar sacos reutilizáveis, que podem ser feitos de uma imensidade de materiais, como a reutilização de restos de tecidos (como por exemplo: cortinas, lençóis, t-shirts ou calças de ganga). Esta solução permite ainda uma total personalização.
- Leve recipientes reutilizáveis para o supermercado para se abastecer na charcutaria ou no talho, por exemplo. Desta forma, poupa no número de vezes que tem de se deslocar até ao ecoponto. E além de poupar no plástico, poupa espaço, trabalho e tempo.
- Evite utilizar louça e talheres descartáveis de plástico para comer. O plástico, em particular quando se usa para bebidas quentes, pode deixar sabor e comer com talheres de plástico não é a melhor experiência. Além disso, caso os plásticos sejam aquecidos podem libertar substâncias químicas como os ftalatos. Componha um kit de pratos, copos e talheres reutilizáveis para a sua marmita.
- Ao tomar café ou chá, optar por copos de papel pode parecer mais sustentável, mas não é. Muitos dos materiais que são apresentados como alternativa ao plástico podem conter, além de uma percentagem significativa de plástico, aditivos químicos que podem contaminar os alimentos. Muitos copos descartáveis de papel, por exemplo, para se tornarem impermeáveis, são revestidos por uma camada plástica interna. Alternativamente, tenha sempre à mão uma chávena reutilizável - por segurança e poupança de recursos.
Exemplo de poupança:
Como um exemplo prático de poupança, peguemos num saco de plástico descartável que é usado apenas durante minutos, mas que demora uma imensidade de tempo a decompor-se no ambiente. Partindo do pressuposto (conservador) que compra dois sacos de plástico de cada vez que vai ao supermercado, faça as contas:
2 sacos de 30 cêntimos x 4 vezes por mês = 2,4 euros x 12 meses = 28,8 euros/ano
2 sacos de 50 cêntimos reutilizáveis durante pelo menos 1 ano (fáceis de lavar) = 1 euro/ano
1 saco DIY [do it youself, em português faça você mesmo] personalizado = custo zero
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2. Higiene pessoal
Fazer mudanças nos produtos de higiene pessoal é talvez das ações mais simples. Mudar para produtos sólidos já é possível em qualquer supermercado e, se preferir, pode comprar produtos artesanais online, feitos à base de produtos vegetais.
Existem muitas marcas certificadas e muitas lojas que disponibilizam sabão, champô, amaciador e mesmo sabão para a barba. Vai ver que a pele e o cabelo beneficiam da escolha, mas o meio ambiente ainda mais, já que as marcas mais ecológicas disponibilizam os seus produtos em embalagens de cartão, papel, cortiça ou mesmo metal.
- Um champô líquido até pode ser mais barato, mas dosear corretamente não é tão fácil e acabamos por usar mais do que a quantidade necessária. Com os produtos sólidos dosear é fácil e podem usar-se até ao fim. E, para quem viaja, mais uma boa notícia: adeus às mini-embalagens de plástico de 100ml!
- Com um pouco de habilidade, podem fazer-se discos desmaquilhantes a partir de sobras de tecidos, como as toalhas de banho mais antigas, a custo zero.
- Optar por cotonetes e lâminas de barbear reutilizáveis é outro passo bem simples.
- Para quem menstrua, a mudança para produtos menstruais reutilizáveis pode ser particularmente benéfica. Os produtos menstruais são uma despesa ao longo de toda a vida fértil e optar por soluções reutilizáveis, além de fazerem bem à carteira, são altamente benéficas para a saúde, uma vez que os descartáveis podem conter vários tipos de químicos perigosos (como ftalatos, bifenóis e pesticidas).
Exemplo de poupança:
A passagem de produtos descartáveis como tampões ou pensos para cuecas menstruais reutilizáveis ou para o copo menstrual pode resultar numa poupança anual significativa, mas também de conveniência e conforto.
Para uma menstruação média de 5 dias:
Pode custar cerca de 3 euros/mês em marca branca ou 5,6 euros/mês em produto de marca, com um custo anual de 28,8 euros (marca branca) ou de 67 euros (produto de marca).
1 copo menstrual custa 20/25 euros, mas pode ser reutilizado até 10 anos.
1 cueca menstrual custa entre 15/40 euros, mas dura até 2 anos e depois disso pode ser usada como cueca normal.
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3. Produtos para a casa
Os produtos de limpeza tradicionais são vendidos em embalagens plásticas, contêm tensoativos sintéticos, fosfatos, fragrâncias, conservantes, corantes, espessantes, entre outros. Os detergentes são uma fonte de poluição ambiental e de toxicidade para o ambiente e para a nossa casa. Reduzir o seu impacto passa por fazer escolhas mais seguras e também mais económicas para a sua carteira.
Para reduzir a sua "pegada" deixamos algumas sugestões:
- Escolha produtos com rótulos ecológicos.
- Prefira os vendidos a granel ou com recargas - cada vez que reencher a embalagem estará a reduzir a poluição por plásticos.
- Com poucos ingredientes (como o bicarbonato de sódio; o sabão vegetal ou o vinagre) é possível criar ótimas alternativas caseiras - a maior parte dos ingredientes presentes nos detergentes comerciais serve para outros fins que não a limpeza.
Exemplo de poupança:
Além das vantagens económicas, ao recorrer a um detergente caseiro em comparação com um industrial/normal, tem claro conhecimento do que contém, sabe que é menos agressivo para o ambiente e também sabe que poupa imenso em plástico e emissões.
A poupança direta pode ser grande, com um detergente normal a custar cerca de 20 euros para 100 doses e um detergente caseiro, para as mesmas doses, apenas 6 euros.
Lembre-se que um amanhã melhor começa HOJE.
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Susana Fonseca é vice-presidente da ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, onde coordena as áreas Sociedades Sustentáveis e Novas Formas de Economia. A Susana é Doutorada em Sociologia pelo ISCTE-IUL, onde também foi investigadora na área da Sociologia do Ambiente. Já trabalhou sobre temas como a perceção de risco, ambiente e saúde, eficiência energética e energias renováveis e substâncias químicas no quotidiano.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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