Bem-estar

Êxodo urbano: a procura de qualidade de vida no interior de Portugal

A procura por terrenos fora dos centros urbanos disparou com a pandemia. Saiba mais sobre este movimento e os apoios disponíveis para a mudança.

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Êxodo urbano: a procura de qualidade de vida no interior de Portugal

A procura por terrenos fora dos centros urbanos disparou com a pandemia. Saiba mais sobre este movimento e os apoios disponíveis para a mudança.

Cansados do stress da vida na cidade, do ruído e da poluição, acentuados pelo distanciamento físico e pela obrigatoriedade de teletrabalho, os portugueses aproveitaram a pandemia para refletir sobre a sua qualidade de vida e sobre a possibilidade de deixar a cidade para morar no interior de Portugal, originando um verdadeiro êxodo urbano.

A Covid-19 veio assim acelerar uma mudança na vida de muitos portugueses, oferecendo a possibilidade de uma pausa e possibilitando uma transformação na sua qualidade de vida.

Terá a pandemia originado um êxodo urbano?

O confinamento impulsionou a necessidade de passar mais tempo no exterior, aproveitando os espaços ao ar livre para relaxar, e de ter melhores condições nos espaços interiores para conseguir separar o teletrabalho da vida pessoal e familiar, o que levou cada vez mais portugueses a sair do ambiente urbano para encontrar uma vida mais satisfatória e desafogada em zonas menos densificadas.

Este movimento verifica-se no enorme interesse registado no último ano pela compra de terrenos, urbanos e rústicos, para construir casa e/ou para cultivo.

De acordo com um estudo do Idealista a procura por terrenos urbanos aumentou na maioria dos distritos portugueses, destacando-se Bragança (com um aumento na ordem dos 600%), seguido de Braga (219%) e Setúbal (168%).

Também os terrenos rústicos viram um aumento da sua procura em todos os distritos, a qual mais do que duplicou em metade deles, destacando-se no top 3, Faro (+250%), Setúbal (+186%), Vila Real (+171%).

Os preços unitários dos terrenos acompanharam a subida da procura, prevendo-se dois cenários possíveis: “ou o stock existente desce consideravelmente, o que poderá influenciar o aumento de preços unitários, ou o stock acompanha a procura, dando lugar à estabilização do valor dos espaços ou a uma variação moderada.”

Ainda assim um dos fatores a ponderar na mudança para o interior poderá ser o custo de vida mais baixo.

Poderemos então estar a assistir a um movimento de migração das grandes cidades para as zonas rurais, suportado pela necessidade de uma melhor qualidade de vida e pelo impacto da pandemia Covid-19.

As áreas rurais permitem, não só, um refúgio do ambiente poluído e ruidoso das cidades, oferecendo melhor qualidade do ar, da água e a possibilidade de produção dos próprios alimentos, como também a redução do stress do dia-a-dia, permitindo mais tranquilidade e relaxamento, levando a uma melhoria da saúde mental.

Este êxodo poderá, no entanto, estar restrito a uma parcela da sociedade que tem a possibilidade de realizar o seu trabalho à distância.

A tecnologia é, aliás, um dos fatores fundamentais para esta movimentação, não só facilitando o processo, mas também potenciando a deslocação de mais projetos e pessoas para as zonas menos populosas do país.

Leia ainda: Quer comprar um terreno? Saiba o que deve ter em conta

Conheça as ajudas do Estado para quem quer viver no interior

Uma das prioridades do Governo para responder aos desafios demográficos, e contribuir para a redução das desigualdades e das assimetrias regionais, é a valorização do território e a dinamização do interior.

Neste sentido, desenvolveu um conjunto de medidas com vista ao desenvolvimento sustentado dos territórios do interior, as quais incluem apoios para captar investimento e fixar pessoas.

Ao nível de apoio financeiro direto, é possível recorrer à medida “Emprego Interior MAIS - Mobilidade Apoiada para Um Interior Sustentável”, operacionalizada pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), destinada a desempregados ou trabalhadores à procura de novo emprego, inscritos no IEFP, que se mudem para territórios do interior.

O apoio financeiro direto a conceder é de 2.633 euros, com possibilidade de majoração de 20% por cada elemento do agregado familiar (até ao limite de 1.316 euros), e de comparticipação no custo do transporte de bens até ao limite de 878 euros. No total, o valor pode chegar aos 4.827 euros.

Outro dos incentivos à fixação de pessoas e empresas no interior passa por um conjunto alargado de benefícios fiscais que o Governo resumiu no Guia Fiscal do Interior, constituído por três capítulos:

  • medidas de apoio às famílias: benefícios em sede de IRS para os estudantes deslocalizados no Interior, assim como para os agregados que transfiram a sua residência permanente para esses territórios;
  • medidas de apoio às empresas e ao investimento: incentivos fiscais destinados à dinamização do tecido empresarial e à captação de investimento;
  • incentivos fiscais especificamente direcionados à silvicultura: benefícios aplicados às Entidades de Gestão Florestal.

Leia ainda: Gostaria de viver no interior? Conheça os apoios do governo

Procure ajuda na transição para o interior

Sair do centro urbano e criar uma vida num local totalmente desconhecido pode ser um pouco avassalador, daí que, existam já alguns programas que apoiam nesta transição.

Novos Povoadores

O projeto Novos Povoadores consiste num programa de repovoamento rural que visa facilitar a implementação ou transferência de projetos empresariais para os territórios rurais, através do apoio à migração dos empreendedores e das suas famílias.

Os destinatários são empreendedores que possam desempenhar a sua atividade fora dos centros urbanos e colaboradores de organizações em processo de nearshoring*, mas sobretudo, pessoas que privilegiem a tranquilidade do meio rural, reconhecendo a melhoria da qualidade de vida afastada dos centros urbanos.

(*Nearshoring é um caso particular de offshoring, no qual a organização localiza parte das suas atividades noutro país, mas geograficamente próximo, ou seja, no mesmo continente).

O programa inclui 6 etapas no processo migratório:

  1. Inscrição;
  2. Análise de perfil e enquadramento social (percurso de vida, experiências profissionais e ambições familiares);
  3. Desenho do Modelo de Negócio;
  4. Visita ao Destino;
  5. Teste de Conceito do Negócio;
  6. Migração.

Rural Move

A Rural Move é uma Associação que visa facilitar o processo de mudança a trabalhadores remotos e simultaneamente combater a baixa densidade populacional nos territórios rurais.

Através de uma plataforma são identificados os municípios parceiros e as suas principais valências em termos de serviços, de espaços de trabalho, de ferramentas de lazer e infraestruturas, possibilitando um match com os trabalhadores remotos disponíveis para se mudarem para esses municípios.

Os beneficiários do programa recebem apoio para encontrar alojamento, espaço de trabalho gratuito com acesso a internet durante 12 meses, uma comunidade acolhedora, alguns benefícios e eventos exclusivos.

Atualmente a Rural Move está a desenvolver projetos-piloto em Miranda do Douro, Penela, São João da Pesqueira e Melgaço.

O movimento migratório dos centros urbanos para as zonas rurais está a ganhar cada vez mais adeptos. Pessoas que procuram maior tranquilidade, melhor qualidade de vida e custos de vida mais baixos.

O interior de Portugal pode assim atingir uma mudança positiva no seu repovoamento, ficando mais equilibrada a densidade populacional, diminuindo as desigualdades e as assimetrias regionais.

Se também pondera aderir a este fenómeno e precisa de ajuda na compra de um terreno, podemos ajudá-lo na procura do melhor financiamento para este destino, contribuindo para que possa usufruir da qualidade de vida a que aspira.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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