Construir uma casa nova em Portugal está significativamente mais caro. Os custos de construção estão a aumentar de forma ininterrupta há mais de uma década – desde janeiro de 2010 – mas a escalada de preços acelerou fortemente nos últimos meses.
De acordo com os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), os custos de construção de casas novas no país cresceram 13,4% em julho, face ao mesmo mês do ano passado, depois de já terem aumentado 12,5% em junho.
Para ilustrar esta evolução, basta pensarmos que uma moradia que custasse, há um ano, 300 mil euros a construir, hoje custa 340.200 euros.
Os preços da construção começaram a acelerar no final do primeiro trimestre do ano passado, mas foi a partir de março deste ano que passaram a crescer a dois dígitos: o maior aumento aconteceu em maio e ascendeu a 13,6%.
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Crise dos materiais dita subida dos custos
O índice utilizado pelo INE para estimar os custos de construção de habitações novas tem em conta duas variáveis – os materiais e a mão-de-obra. E é a primeira variável que tem ditado o forte aumento de preços nos últimos meses.
Segundo o instituto de estatística, o preço dos materiais subiu 17,5%, em julho, enquanto a mão-de-obra aumentou 7,7%.
Entre os materiais que mais contribuíram para esta evolução estão os produtos cerâmicos, com crescimentos homólogos de cerca de 70%. O gasóleo apresentou um crescimento homólogo acima dos 30%. As madeiras e derivados de madeira, o cimento, os aglomerados e ladrilhos de cortiça e as obras de carpintaria e os tubos de PVC apresentaram crescimentos homólogos superiores a 20%.
Até ao final do primeiro semestre de 2021, foi sobretudo o custo da mão-de-obra que motivou a subida de preços na construção. No entanto, essa realidade mudou a partir de meados de 2021, quando o setor começou a ser confrontado com a chamada crise dos materiais: numa primeira fase devido às disrupções provocadas pela pandemia da covid-19 ao nível da oferta e da procura em toda a cadeia produtiva e pela evolução dos preços de certas matérias-primas nos mercados. Por exemplo, o cobre e o alumínio, muito utilizados na construção, registaram subidas superiores a 20% no ano passado.
A crise energética e os constrangimentos na cadeia de abastecimento que se acentuaram este ano agravaram ainda mais o cenário, levando os preços dos materiais a registar uma subida recorde de 20,4% em abril.
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Posso recorrer a crédito para construir?
Apesar do aumento dos custos, construir a própria casa tem sido a opção de muitas famílias, que tentam “escapar” aos preços elevados do mercado imobiliário, ao mesmo tempo que dão forma à casa dos seus sonhos.
Se está a considerar essa alternativa, saiba que os bancos não financiam apenas habitações já existentes, mas também concedem crédito para a construção. Trata-se de um crédito habitação, mas com caraterísticas diferentes do crédito tradicional para aquisição. Várias entidades contemplam ainda no crédito a compra do terreno.
À semelhança do que acontece no crédito habitação, nos empréstimos para construção não existe nenhuma entidade que financie a 100%, pelo que terá sempre de garantir algum capital inicial para dar este passo. Alguns bancos vão emprestar no máximo 90% da avaliação do terreno e do projeto. Mas se pedir um crédito para aquisição de terreno e um crédito para construção, pode conseguir, por exemplo, 80% para o terreno e chegar aos 100% no da construção.
Depois de aprovado, o crédito é disponibilizado por tranches à medida que a obra for avançando. Durante o processo, terá várias avaliações realizadas por um perito, que vai fazendo vistorias à obra e certificando-se da evolução dos trabalhos, para que o banco possa ir libertando as parcelas do financiamento.
Neste tipo de crédito, pode beneficiar de um período de carência de capital cujo prazo máximo varia entre os 24 e os 36 meses, ou seja, durante este período, vai só pagar os juros, o que permite algum alívio financeiro no momento inicial do processo.
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