Segundo dados do INE, os preços medianos de venda na habitação em Portugal voltaram a atingir um novo recorde, no final do 2º trimestre de 2023. Nos 12 meses anteriores, cada alojamento foi vendido a 1.541 euros/m2.
Desde que o INE publica esta estatística - já lá vão mais de sete anos - a variação de preço é de 86%. E desde o início da pandemia, os preços subiram 37%.
A subida de preços é evidente e considerável. Mas haverá ainda algum sítio em Portugal onde os preços das casas não estejam a subir?
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Metade dos municípios não estão em máximos
Os dados do INE mostram que, no final do 2º trimestre de 2023, metade dos municípios de Portugal não apresentavam preços de venda medianos em valores máximos, mais concretamente, 49,4% dos mesmos.
Mais ainda, numa análise em cadeia, mais de 30% dos municípios portugueses registaram quedas de preços, e alguns são aqueles que estão inclusive bastante longe de máximos históricos.
Exemplos disso são Armamar, Penalva do Castelo, Proença-a-Nova, Vila Velha de Ródão, Almeida, Pinhel, Marvão, entre outros. Todos estes com preços mais de 30% abaixo de máximos registados.
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Onde se registaram as maiores quedas?
Observando os preços em cadeia, ou seja, variações entre o 1º e o 2º trimestre deste ano, Proença-a-Nova aparece no topo da lista. Com um preço mediano de venda de 372 euros/m2, registou uma quebra de 22%.
Portugal apresenta 17 municípios com quedas nos preços superiores a 10% em apenas 3 meses:
Município | Preço (€ /m2) | Var. Cadeia |
Proença-a-Nova | 372 € | -22% |
Ribeira de Pena | 326 € | -19% |
Mêda | 233 € | -18% |
Boticas | 415 € | -16% |
Alcoutim | 642 € | -15% |
Baião | 559 € | -14% |
Pampilhosa da Serra | 301 € | -14% |
Torre de Moncorvo | 345 € | -14% |
Mértola | 357 € | -13% |
Celorico da Beira | 309 € | -13% |
Vila de Rei | 453 € | -12% |
Mondim de Basto | 550 € | -11% |
Penacova | 542 € | -11% |
Ourique | 531 € | -11% |
Lajes do Pico | 710 € | -10% |
Monchique | 1 000 € | -10% |
Mogadouro | 356 € | -10% |
É certo que estes locais acabam por contribuir pouco para a estatística, dada a reduzida importância em termos de vendas e volume. Mas não deixa de ser relevante relembrar que nem todo o país anda à mesma velocidade.
O imobiliário é mesmo isto: micro-local. Cada município, freguesia ou mesmo rua tem características muito específicas, em termos de oferta e procura. Seja numa decisão de compra de habitação própria e permanente, seja numa tomada de decisão de investimento imobiliário, há sempre que prestar muita atenção a todas estas características locais, e não decidir pelas médias, medianas ou tendências gerais.
Bons negócios (imobiliários)!
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Gonçalo Nascimento Rodrigues é Consultor em Finanças Imobiliárias, tendo trabalhado em empresas como Ernst & Young, Colliers International e Essentia. É Coordenador e Docente numa Pós-Graduação em Investimentos Imobiliários no ISCTE Executive Education. Adicionalmente, exerce atividade de consultoria, prestando serviços de assessoria ao investimento imobiliário. Detém um master em Gestão e Finanças Imobiliárias e um master em Finanças, ambos pelo ISCTE Business School, além de uma licenciatura em Gestão de Empresas na Universidade Católica Portuguesa. É autor do blogue Out of the Box.
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