Habitação

Imobiliário: Promotores antecipam redução de vendas e travão nos preços

Os promotores imobiliários estão mais pessimistas para o próximo trimestre, antecipando quebra de vendas e subida mais lenta dos preços.

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Imobiliário: Promotores antecipam redução de vendas e travão nos preços

Os promotores imobiliários estão mais pessimistas para o próximo trimestre, antecipando quebra de vendas e subida mais lenta dos preços.

Os promotores imobiliários em Portugal estão mais pessimistas relativamente à evolução do mercado residencial, num contexto de aumento generalizado de preços e, mais concretamente, dos custos de construção.

De acordo com o mais recente inquérito Portuguese Investment Property Survey (PIPS), conduzido pela Confidencial Imobiliário e pela Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), os profissionais do setor acreditam que o mercado imobiliário será marcado por uma quebra das vendas e por uma desaceleração dos preços nos próximos três meses.

Pessimismo regressa pela primeira vez desde o fim da pandemia

O estudo da Confidencial Imobiliário, com periodicidade trimestral, mostra que o sentimento dos profissionais do setor é agora negativo, o que já não acontecia desde o fim da pandemia. O indicador que mede as expectativas dos profissionais para os próximos três meses está nos -28 pontos, regressando a território negativo pela primeira vez desde o primeiro semestre de 2021.

A motivar este resultado está a perspetiva dos profissionais de que o número de transações de imóveis vai diminuir no próximo trimestre: o indicador que mede as expectativas relativas às vendas caiu de um valor já negativo no inquérito anterior (-17 pontos) para os atuais -69 pontos, refletindo “a existência de um forte consenso de que esta será a trajetória do mercado”, segundo o estudo.

No que respeita à evolução dos preços, os promotores ainda antecipam um crescimento, mas muito mais ligeiro do que no trimestre anterior. O indicador de preços desceu de 40 para 24 pontos, sinalizando uma perspetiva de clara desaceleração no ritmo de subida dos últimos tempos.

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Aumento dos custos de construção preocupa o setor

Uma das preocupações centrais do setor imobiliário é a subida dos custos de construção, que tem limitado o lançamento de oferta para a classe média.

Os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, em agosto, os custos de construir uma casa nova em Portugal aumentaram 12,6% face ao mesmo mês do ano passado, depois da subida de 13,4% observada em julho. Os preços estão a ser impulsionados sobretudo pela componente dos materiais, que aumentaram 16,6%, enquanto a mão-de-obra registou um aumento de custos mais contido, de 6,9%.

“Os promotores imobiliários estão preocupados com todos os fatores de aumento dos custos, que tornam cada vez mais difícil o lançamento de oferta para a classe média. Uma vez mais destaca-se o tempo de licenciamento das obras como sendo o principal obstáculo à atividade, com impactos muito relevantes na viabilidade das operações, em especial no quadro atual de aumentos dos custos de construção”, refere Hugo Santos Ferreira, presidente da APPII, citado em comunicado.

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Compradores estrangeiros ganham ainda mais peso

O aumento persistente dos custos de construção nos últimos meses tem motivado um reposicionamento do mercado imobiliário, com alteração no perfil alvo dos projetos. Neste inquérito, os promotores afirmam que 64% dos novos empreendimentos dirigem-se a um público internacional (exclusivamente ou em combinação com os nacionais), uma subida face aos 55% do estudo anterior. Significa isto que apenas 36% dos novos projetos têm agora como alvo os clientes portugueses.

Apesar disto, os promotores encaram o atual momento como conjuntural, mantendo um elevado ritmo de lançamento de novos projetos (67% diz ter novos projetos em carteira) e de procura de terrenos (56% mostram-se ativos ou muito ativos na procura de novos terrenos).

“Um dos números mais relevantes neste survey é o aparente redirecionamento da promoção imobiliária para a procura internacional, depois deste mercado ter perdido quota no último par de anos. Trata-se de uma opção estratégica que permitirá aos promotores lançar obras dirigidas a segmentos mais caros, dessa forma conseguindo acomodar o aumento dos custos de construção, e para compradores com mais poder de compra, menos expostos à redução do poder de compra resultante do impacto da inflação e subida nos juros”, afirma Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.

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