Depois de quase uma década de forte crescimento do preço das casas, 2023 deverá ficar marcado por uma ligeira correção, acompanhada de um aumento da oferta. Será, então, o ano ideal para comprar casa?
Conheça, neste artigo, algumas das estimativas publicadas por especialistas e profissionais do mercado, como têm evoluído os preços das casas e o que se pode esperar deste setor ao longo do próximo ano.
O que podemos esperar para 2023?
De acordo com especialistas do mercado, em 2023 devemos assistir a uma desaceleração, um ligeiro aumento da oferta e uma correção de preços a nível de habitação.
Assim, é provável que se confirme um novo ciclo no mercado, que se irá ajustar ao contexto económico atual. E caso as condições atuais não se alterem substancialmente, este novo ciclo pode até ser duradouro.
A desaceleração que se tem observado desde o final do ano passado, devido à queda na oferta, advém maioritariamente do facto de muitos vendedores, por identificarem que o mercado já não paga o mesmo ou por não conseguirem um novo crédito para a compra de uma nova casa, estarem a adiar a venda.
Contudo, ainda segundo os especialistas, parte dessa oferta poderá vir a decidir vender o seu imóvel, levando a um aumento da oferta e contração na procura. O que, com a redução do poder de compra consequente do aumento das taxas de juro, deverá conduzir a uma correção de preços.
A dimensão desta correção de preços estará diretamente relacionada ao diferencial entre a oferta e a procura, o crescimento do crédito malparado e o contínuo aumento das taxas de juro do crédito habitação em 2023.
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Mercado imobiliário trava a fundo após década de crescimento
Preços sobem há nove anos
Nos últimos nove anos, os preços no imobiliário têm vindo a escalar a um ritmo médio de 8% por ano. Sendo que, com a pandemia, o preço das casas em Portugal subiu 8,5% em 2020 e 9,4% em 2021, demonstrando uma elevada resiliência.
Prova disso foi o recorde de transações de imóveis registado no último trimestre de 2021. Nesse período, foram transacionados 46 mil imóveis em Portugal, o nível mais alto de que há registos.
As estatísticas são apontadas por analistas do BPI Research, que indicam ainda uma subida de preços de 11,7% no último trimestre de 2022. Mas que fatores têm contribuído para o aumento do preço das casas?
- Um período prolongado em que as condições financeiras eram favoráveis, com baixas taxas de juro;
- O baixo desemprego;
- Uma escassez de oferta em imóveis novos;
- A procura crescente;
- O aumento dos custos de construção;
- E a aquisição de imóveis para investimento.
Para 2023, porém, os especialistas antecipam uma inversão desta tendência, com os preços a corrigirem parte dos fortes aumentos.
Preços das casas podem cair 1,5%
Avaliação bancária na habitação atinge novos máximos históricos
No terceiro trimestre do ano passado, o contexto alterou-se devido ao “impacto da inflação nos orçamentos familiares e com a inversão da política monetária pelo BCE" (início do aumento das taxas de juro), como realçam os especialistas do BPI Research. Este contexto, acreditam, deverá conduzir a uma “correção de 1,5% do preço das casas”.
De acordo com um documento enviado aos clientes do banco BPI, o ano de 2023 vai ser assinalado por um “arrefecimento da procura associado ao apertas das condições financeiras e ao ritmo de subida das taxas de juro mais rápido do que o inicialmente previsto”. O que, a par da correção de preços prevista, representa uma travagem brusca, após nove anos de crescimento continuado.
Segundo o BPI Research, em setembro de 2021, a média da taxa de esforço dos portugueses era inferior a 22%. Um ano depois, em setembro de 2022, esse rácio subiu para um valor superior a 36%, refletindo a maior dificuldade das famílias no pagamento dos seus créditos habitação.
Profissionais do setor antecipam menos transações
Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário (CI), prevê uma estabilização dos preços no mercado imobiliário, assim como uma redução do número de transações, após um ano em que o mercado valorizou 18%.
De acordo com o diretor da CI, citado pela Lusa, é de esperar que num “contexto de maior constrangimento do poder de compra haja uma pressão para uma estabilização dos preços”.
O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Paulo Caiado, expressou também à Lusa a sua visão relativamente aos vários segmentos do mercado, antecipando que as zonas que têm registado um maior aumento de preços nos últimos anos, vão agora deparar-se com alguma estabilização “mas muito pouco expressiva". Ao mesmo tempo, zonas à volta dos grandes concelhos urbanos, que não têm registado grande procura, podem vir a sentir uma subida na procura e, consecutivamente, nos preços. O que, no geral, o leva a apontar que em 2023 “o preço dos imóveis não vai descer”.
No mesmo sentido, o CEO da Era Portugal, referiu à Lusa que, em 2023, não vamos observar um “crescimento galopante dos preços das casas como aquele que tem acontecido nos últimos tempos”, mas nem “com toda a certeza, a uma quebra abrupta”.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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