A mobilidade da população, principalmente dentro das grandes cidades, tem sido uma das grandes preocupações dos autarcas, e da população em geral, se bem que por diferentes razões.
Para os autarcas a preocupação é arranjar alternativas ao transporte pessoal, pela tentativa constante de diminuir o tráfego e o congestionamento de carros no centro das grandes cidades. E pela preocupação ambiental, menos carros, menos estacionamento permite menos poluição nas cidades.
As últimas décadas também trouxeram novos transportes, como a UBER, que permite chamar um veículo apenas com o smartphone. As últimas gerações viam a compra do seu primeiro carro como um feito, mas com todas as alternativas possíveis, ter carro próprio é assim tão vantajoso? Ter um carro ainda vale a pena financeiramente?
Vamos fazer as contas e perceber de que forma as decisões que tomamos têm um impacto financeiro na nossa vida.
Quais fatores devem ser analisados?
Primeiramente, antes de tomar a decisão, é preciso levar em conta os custos do carro próprio e da Uber. Podemos classificar estes custos em dois grandes grupos: custos fixos e variáveis.
Custo fixo: refere-se a todas aquelas despesas que terá que pagar, independente de qualquer outro fator.
Custo variável: são as despesas que variam de acordo com o período tempo, situação ou por surgimento de imprevistos.
No caso do carro próprio existem custos fixos, tais como: o seguro, o imposto único de circulação (IUC), a inspeção, para além da prestação mensal pela aquisição do veículo, se for o caso.
Os custos variáveis neste caso prendem-se com os gastos em combustível, estacionamento, manutenção (pneus, troca de óleo, troca de peças, etc), entre outros.
Em relação à Uber, não há custos fixos para o utilizador. Existem apenas os custos variáveis que são os valores das deslocações. Contudo, também existem tarifas mínimas de utilização: a tarifa base é 1€ e a tarifa mínima é 2,5€, para além de pagar cerca de 10 cêntimos por minuto e 65 cêntimos por quilómetro.
Posto isto, para comparar as duas opções deve analisar a quantidade de quilómetros que faz nos seus percursos diários e as despesas que tem com eles. No caso da Uber, os quilómetros correspondem a uma viagem; no caso do carro, tem de contabilizar a gasolina, eventuais portagens e impostos extra de ter o carro.
Exemplos
Vamos então aos exemplos, entre uma viagem de Uber e um carro urbano com consumo médio de 5,9 litros de combustível a cada 100 quilómetros.
Valor do carro : cerca de 14.669 euros (se recorrer a crédito automóvel, poderá pagar uma mensalidade de 170€, com entrada inicial);
Valor médio do seguro (seguro automóvel de responsabilidade civil): 200 euros anual (seguro mensal 16,67€)
IUC: 103 euros anual.
Valor da inspeção: 35 euros aproximadamente.
Custo fixo anual do crédito: até 2040€
Outros custos fixos: 365€
Custo fixo anual do carro: 2405 euros = 200,42€ por mês aproximadamente
Exemplo 1
Utilizando carro pessoal:
Percurso de 10 quilómetros feitos em cerca de 20 minutos
Ida e volta: 20,6 quilómetros num dia
Combustível (5.9L/100km): por dia 3,54€
Combustível gasto num mês: 70,80€
Custo mensal do carro: 200.42€
Valor total mensal: 271,22€
Utilizando Uber:
Gasto médio diário por deslocação de 20km: 11,61 euros por viagem (tarifa média);
Gasto mensal com Uber: 23,22euros, ida e volta por dia. Se considerarmos vinte dias úteis dá um total de 464,4 euros mensais.
Exemplo 2
Utilizando carro pessoal:
Percurso de 3 quilómetros feitos em cerca de 20 minutos
Ida e volta: 6 quilómetros num dia
Combustível (5.9L/100km): por dia 1.24€
Combustível gasto num mês: 24.80€
Custo mensal do carro: 200.42€
Valor total mensal: 224,80€
Utilizando Uber:
Gasto médio diário por deslocação: 3,21 euros por viagem (tarifa média);
Tempo médio de deslocação: cerca de 3 minutos, mas pode ter que esperar pelo veículo da Uber aproximadamente 10 minutos, dependendo da hora do dia.
Gasto mensal com Uber: 6,42 euros, ida e volta por dia. Se considerarmos vinte dias úteis dá um total de 128,4 euros mensais.
Quais as vantagens e desvantagens de cada um?
Nos exemplos citados, podemos concluir que a Uber compensa financeiramente no caso do segundo exemplo, portanto no trajeto mais curto. Já a utilização do carro próprio vale mais a pena para percursos onde se percorram mais quilómetros por dia.
Contudo, deve fazer as contas que melhor se aplicam ao seu caso. Sugerimos também que não considere exclusivamente o Uber, pois as tarifas podem variar consoante dias de maior procura e o trânsito com carro continua a ser um problema que lhe retira a flexibilidade que deseja.
Ter um carro próprio proporciona maior independência se considerarmos que, ao final do dia, podemos não ir diretamente para casa, no caso de ir buscar os filhos à escola, ter que fazer compras antes de regressar a casa ou ter que ir ao ginásio, por exemplo.
Com carro próprio traz as vantagens de liberdade e flexibilidade de algo que é seu e está sempre disponível. A contrapartida financeira será certamente os impostos a pagar pelo veículo, alguns custos de manutenção que deve fazer ou em caso de acidente ou sinistro que esvaziem a sua conta bancária e o privam da liberdade da rotina do dia a dia.
Utilizar os serviços da Uber ou de outras plataformas pode também ser uma opção para quem não gosta de conduzir. Evitará, assim, o stresse e transtornos principalmente nas horas de ponta, visto que tem um motorista profissional e qualificado que o conduz.
Afinal, qual a melhor opção?
A resposta depende apenas das suas necessidades. Antes de adquirir um veículo, faça as contas, pois o carro não custará apenas o valor de compra.
É necessário calcular o valor da compra, os custos fios que irá ter, os custos de manutenção e desgaste, os custos de combustível e outros, como de estacionamento e portagens.
Entenda quais as suas necessidades diárias e avalie qual o melhor meio de locomoção, no seu caso.
Em geral, a Uber compensa para percursos mais curtos, mas o carro é a melhor opção para longas distâncias.
Para poder perceber se compensa realmente deixar de ter carro, deve complementar a Uber com os serviços de transporte, substituindo parte da despesa pelo valor do passe mensal.
É fundamental colocar todas essas questões na balança, analisar a sua realidade e só assim poderá avaliar qual é mais vantajoso para si continuar a utilizar carro, deixar de ter, ou experimentar o melhor dos dois mundos para poupar mais dinheiro.
Leia ainda: Vender o carro sozinho: como conseguir um negócio seguro?
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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2 comentários em “Carro próprio ou Uber? Qual o mais rentável?”