Em Portugal, são muitos os estudantes universitários que enfrentam dificuldades na hora de pagar as propinas. E esta realidade veio agravar-se ainda mais com a pandemia da Covid-19, levando vários alunos ao congelamento das matrículas ou até à desistência do ensino superior. Dentro deste contexto, existem inúmeros alunos à procura de soluções para prosseguirem os seus estudos académicos.
E caso esteja a pensar que ao entrar no ensino superior poderá ter problemas em pagar as propinas da universidade, conheça seis soluções que o podem ajudar a lidar com esta situação.
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As propinas da universidade e o seu peso financeiro
Não é novidade que as propinas representam um peso financeiro para muitos agregados familiares portugueses. Idealmente, a ida para a universidade devia ser preparada pelos pais com bastante antecedência, através da criação de um fundo de poupança. Esta é a forma mais simples de lidar com este esforço financeiro, uma vez que permite juntar dinheiro para cobrir todas as despesas com o ensino superior, sem ter que colocar o orçamento familiar em risco. Para ter uma breve noção, uma poupança de 30 euros mensais ao longo de 17 anos, permite juntar 6.120 euros.
O problema é que para muitos portugueses, poupar mensalmente para determinados objetivos é bastante complexo, dado os rendimentos mensais serem baixos. Além disso, muitas famílias até começam a fazer este tipo de poupança, mas outros imprevistos financeiros levam a mexer no fundo que criaram. Mas a verdade é que sem poupanças, o pagamento das propinas da universidade bem como outras despesas com o ensino superior torna-se um esforço financeiro demasiado dispendioso para muitas famílias portuguesas. Por isso, muitos estudantes veem-se obrigados a encontrar soluções para pagar os seus estudos académicos, sem que os pais tenham de suportar esta despesa.
E se este é o seu caso, é importante que esteja a par das diversas soluções que tem para pagar as suas propinas de forma independente ou com a ajuda financeira da sua família.
6 soluções para pagar as propinas da universidade
1 - Bolsas de estudo que cobrem o valor das propinas da universidade
No caso de ainda não estar na universidade e este ano ir proceder à sua candidatura ao ensino superior, é fundamental que assinale a necessidade de uma bolsa de estudos de Ação Social. No ano letivo de 2020/2021, as bolsas de estudos do ensino superior tinham um valor superior ao da propina máxima que pode ser paga por um estudante de uma licenciatura. Ou seja, o valor da bolsa foi de 871 euros, enquanto a propina máxima fixava-se nos 697 euros.
Além disso, de acordo com o regulamento publicado pela DGES, passavam a estar abrangidos todos os requerentes cujo agregado familiar tivesse um rendimento per capita inferior a 8.962 euros, abrangendo mais estudantes. Por fim, a bolsa da Ação Social também disponibiliza um complemento de alojamento fora de residências dos serviços de ação. No ano passado, este complemento era de 219 euros por mês, sendo majorado nas regiões com maior pressão no custo do arrendamento.
Dito isto, independentemente das condições poderem ser diferentes, caso o seu agregado familiar não tenha possibilidades financeiras para pagar as suas propinas, é muito importante que concorra a uma bolsa de estudos da ação social. Tal como referimos, o processo inicia-se na hora da candidatura quando assinala a necessidade de uma bolsa de estudos, e segue posteriormente pelo envio de informações para o seu email. Mais tarde terá de submeter a sua candidatura na plataforma BeOn, através do site da DGES, tendo que ter em sua posse as suas credenciais de acesso.
Outra possibilidade passa por receber uma bolsa de mérito atribuída pela própria instituição de ensino superior. Contudo, estas bolsas apenas são atribuídas aos melhores alunos, com um desempenho excecional no seu percurso escolar. Caso tenha ótimas notas, aconselhamos a informar-se junto da universidade sobre a atribuição destas bolsas, de forma a perceber se esta pode vir a ser uma opção para si.
2 - Colabore com a instituição de ensino superior
Se depois de submeter a sua candidatura à universidade não conseguir beneficiar de uma bolsa de estudos, então é hora de começar a pensar em outras soluções. Uma das primeiras opções que deve tentar é informar-se se a instituição de ensino superior onde vai estudar tem vagas de trabalho. Em algumas universidades em Portugal, existem alunos que colaboram com a instituição, seja através da realização de trabalhos na secretaria ou outras áreas, de forma a ficarem isentos das propinas ou a diminuir o valor a pagar por estas.
No entanto, precisa ter em conta que podem não existir vagas de emprego para estudantes na universidade onde vai estudar. O melhor a fazer nestas situações é informar-se mais detalhadamente junto da instituição. Pergunte se existem programas específicos para estudantes colaborarem com a universidade em troca da isenção ou redução das propinas ou se existem vagas de emprego disponíveis.
Embora possa ser difícil conseguir uma vaga nesses programas, caso consiga, este pode ser um trabalho vantajoso para si. Afinal, não só conseguirá diminuir o peso financeiro com os seus estudos, como não terá de fazer deslocações entre um trabalho mais distante e a universidade. Além disso, pode beneficiar de um horário mais flexível, entre outras regalias dentro da própria instituição. Dito isto, esta é uma opção que não deve ignorar na hora de procurar soluções para pagar as suas propinas.
3 - Fale com o gabinete de ação social e tente negociar um plano de pagamento para as propinas da universidade
Se as duas primeiras opções ficarem excluídas, aconselhamos que marque uma reunião com o gabinete de Ação Social da Instituição de Ensino Superior onde irá estudar. Dada as atuais dificuldades financeiras que muitos alunos apresentam, existem universidades que já têm algumas soluções em vigor para estes casos. Embora as respostas apresentadas passem sempre por ter de pagar as propinas da universidade, a verdade é que pode ser acordado um plano de pagamento mais acessível.
Por exemplo, muitas universidades ajustam os valores das prestações das propinas a cada aluno, para que estas não representem um esforço financeiro tão elevado. Ou seja, em vez de suportar o valor que a maioria dos alunos pagam de prestação, pode vir a beneficiar de um valor mais reduzido, com um prazo mais alargado.
No entanto, é preciso esclarecer que nem todas as universidades permitem a negociação de um plano de pagamento. E para ter a certeza que pode vir a beneficiar de um plano adaptado às suas finanças, terá sempre de se reunir com o gabinete de Ação Social e ver a proposta que lhe é apresentada. Caso o plano de pagamento seja possível de suportar, esta é uma ótima opção, uma vez que diminui a possibilidade de ter de aceitar um emprego que lhe roube tempo para se dedicar aos seus estudos.
4 - Procure um part-time que cubra as suas despesas com o seu curso superior
Caso seja impossível pagar as propinas da universidade sem ter de arranjar um emprego, comece por tentar encontrar um trabalho em regime part-time. Na hora de procurar um emprego a tempo parcial, deve ter em consideração que o vencimento deve cobrir não só as propinas, como também outras despesas com os seus estudos, deslocações e refeições. Afinal, o esforço que terá de fazer deve permitir-lhe ficar descansado em relação a todas as despesas com os seus estudos.
No entanto, a grande dificuldade para muitos estudantes, passa por encontrar um part-time que não afete o seu desempenho escolar e a frequência das várias disciplinas. E claro que é inevitável que se tenha de esforçar mais, uma vez que terá de lidar com a responsabilidade do seu trabalho e dos seus estudos. Contudo, deve ter em consideração que o seu part-time deve permitir-lhe alguma flexibilidade horária para conciliar todas as suas responsabilidades.
Não se esqueça de informar-se sobre o estatuto de trabalhador-estudante, de forma a poder beneficiar de alguns benefícios na época de exames, entre outras situações previstas na lei.
Ler mais: Trabalhador-estudante: Como ganhar dinheiro enquanto se estuda?
5 - Trabalhar de dia e estudar à noite é uma solução para muitos estudantes
Embora não seja a situação ideal para a maioria dos estudantes, muitas pessoas acabam por conseguir completar a sua licenciatura ou mestrado em regime pós-laboral, suportando esta despesa com um trabalho a full-time. O regime pós-laboral funciona também através da candidatura ao concurso nacional de acesso ao ensino superior. Contudo, nem todas as universidades dispõem do regime pós-laboral, e por isso, deve informar-se com antecedência se os cursos que tem em mente podem ser realizados neste tipo de regime. Outra das situações que deve estar atento é ao número de vagas disponíveis para a licenciatura ou mestrado do curso superior pretendido.
Trabalhar e estudar à noite nem sempre é uma tarefa fácil, sendo necessário ter os seus objetivos bem delineados para que possa concluir os seus estudos com sucesso. Tenha isso em mente, e pese sempre os prós e contras desta opção.
6 - Informe-se sobre os créditos para estudantes
Por fim, caso não pretenda trabalhar e estudar ao mesmo tempo, pode informar-se sobre os créditos para estudantes universitários que se encontram em vigor. Por norma, estes créditos são concedidos a pessoas com mais de 18 anos, que estejam inscritos numa universidade ou politécnico. Em termos de vantagens, estes créditos costumam ter taxas de juro mais reduzidas quando comparadas com a maioria dos créditos de consumo, existindo a possibilidade de receber o montante de uma só vez ou em tranches mensais, trimestrais, semestrais ou anuais.
Além disso, para quem não tem dinheiro para suportar as despesas com o ensino superior, este crédito permite o acesso a prazos de financiamento alargados e períodos de carência que podem ir dos seis meses aos quatro anos. Na maioria dos casos, os créditos para estudantes permitem a liquidação do empréstimo a longo prazo, o que pode significar que apenas terá que liquidar este valor após a conclusão do seu curso.
Contudo, fazer um empréstimo não é uma decisão que deva ser tomada sem a devida ponderação. Afinal, assim que sair da universidade terá de lidar com o peso de um empréstimo, para além de outras despesas que poderá ter nessa altura. E isso significa que o seu ordenado terá que cobrir os seus gastos, mas também o valor da dívida do seu empréstimo.
Caso esta seja uma opção que pretenda analisar, aconselhamos a leitura do artigo: Crédito para estudar: o que abrangem e como funcionam?
O mais importante é que analise as diversas soluções para pagar as propinas da universidade, e encontre a melhor opção para si de acordo com os seus objetivos.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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