Se tem por hábito deitar fora documentos sem olhar para a informação dos mesmos, é melhor repensar e começar a ter atenção. O uso dos seus dados pessoais por parte de terceiros pode trazer-lhe diversos problemas, pessoais e financeiros. Por exemplo, sabia que roubo de entidade é crime? Se quer evitar problemas, saiba quais são os documentos que deve rasgar antes de deitar no lixo.
Dessa forma, simples gestos como deitar fora publicidade que tenha a sua morada para o cesto de papéis junto às caixas de correio do prédio onde vive ou o cartão de embarque de alguma viagem que fez, podem levar a ações criminosas. Por exemplo, no caso de roubo de identidade pode demorar anos a ser resolvido. Este pode acontecer através de um simples documento onde constem os seus dados pessoais ou informações bancárias. Como diz o ditado popular: “a ocasião faz o ladrão”. Por isso, todo o cuidado é pouco.
Por conseguinte, saiba que documentos deve rasgar ou passar por uma máquina destruidora de papel antes de os deitar fora.
O que são considerados dados pessoais?
Ora, os dados pessoais são todas as informações que permitem a sua identificação. Por exemplo::
- O nome e apelido;
- A morada;
- Um endereço de correio eletrónico;
- O número de um cartão de identificação;
- Um endereço IP (protocolo de internet);
- Testemunhos de conexão (cookies);
- O identificador de publicidade do seu telefone;
- Os dados detidos por um hospital ou médico, que o permitam identificar de forma inequívoca.
Saiba ainda que, os dados genéticos, físicos ou económicos também podem levar à sua fácil identificação.
Outros dados que deve guardar bem para sua segurança
Para além de proteger os seus dados pessoais que, nas mãos de terceiros com más intenções pode levar ao roubo de identidade (entre outros problemas), existem outras informações que deve guardar apenas para si. No limite, apenas pessoas da sua extrema confiança ou alguma entidade legalmente habilitada para o efeito, podem ter acesso a estes dados.
Assim, existem informações confidenciais que mal-usadas podem levar a fraudes com prejuízo para a sua situação financeira, como por exemplo:
- Número da conta bancária;
- Códigos de acesso ao seu homebanking;
- Número do cartão de débito e crédito e o seu PIN;
- Códigos de acesso a plataformas como o AforroNet.
Regulamento Geral de Proteção de Dados (RPGD)
Precisamente, para evitar o uso indevido de dados e informações pessoais por parte de terceiros, foi criado em 2018 o regulamento geral de proteção de dados – RPGD (lei nº 13.709/2018). Este tem como objetivo, proteger os dados pessoais que forneceu a empresas no âmbito da contratação de produtos e serviços. Nesse sentido, impõe um conjunto de exigências sobre a forma como estes dados são tratados e eventualmente transmitidos a outras empresas com a sua autorização.
Quem não cumprir, está sujeito a multas pesadas. Assim, esteja atento a quem divulga os seus dados e à forma como os mesmos são tratados. Se verificar que os seus direitos estão a ser desrespeitados, reclame.
Como proteger os seus dados pessoais?
Pois bem, a segurança dos seus dados pessoais começa por si. Isto é, passa por todos nós enquanto cidadãos responsáveis pela utilização dos nossos dados e informações de caráter confidencial.
Naqueles casos em que tem de dar os seus dados pessoais a uma empresa, por exemplo para a contratação de um serviço, pouco ou nada pode fazer quanto à proteção dos mesmos. Mas, existem documentos que temos em casa com dados pessoais e que deitamos fora, por vezes, sem qualquer cuidado ou preocupação com as consequências.
Caso não tenha cuidado, podem ser encontrados documentos importantes no lixo e serem usados indevidamente com consequências pessoais e financeiras para si.
Quais os documentos que deve rasgar antes de deitar fora?
Conforme já dito, para sua proteção e segurança, rasgue estes documentos antes de os colocar no lixo. Estes são apenas alguns exemplos, os mais comuns, mas podem existir outros. O ideal seria termos uma máquina de destruição de papel. Apesar de muitas empresas já o fazerem, em nossas casas são poucas as pessoas que têm este equipamento. Assim, rasgue todos os documentos com dados que o permitam identificar. Certifique-se ainda que, a informação fica cortada.
Documentos de identificação
Certamente, em algum momento da sua vida, por alguma razão, já fez uma fotocópia do cartão de cidadão ou de um passaporte e que depois deixou de usar. No momento de deitar fora, tenha cuidado e rasgue-os de forma que não possam ser reconstruídos. Por outro lado, quando estes documentos perdem a validade, deve igualmente destruí-los.
Correspondência
Cartas de seguros, contas da água e luz, por exemplo, têm o seu nome e morada.
Extratos bancários
O seu extrato bancário contém o seu nome, morada, número da conta bancária, além de indicar o montante que tem no banco. Estas razões são mais do que suficientes para destruir este documento em pequenos pedaços, e de preferência deitar fora em dias diferentes.
Extratos do cartão de crédito
Tal como no ponto anterior, tem informação pessoal bem como o número do seu cartão de crédito. Assim, destrua-o em pedaços pequenos.
Cartões de débito e crédito
Estes cartões, regra geral, deitamos fora quando os mesmos perdem a validade. Contudo, nem todos têm a preocupação de os destruir devidamente. Atenção, corte-os. Estes documentos nas mãos da pessoa errada, podem abrir caminho a fraudes. Não corra o risco de ver um cartão seu ser clonado.
Receitas médicas
Apesar da maior parte das receitas médicas em Portugal já serem eletrónicas, ainda existem em papel. Antes de as deitar fora, deve destruí-las. Estes documentos incluem os seus dados pessoais e médicos, bem como códigos de dispensa dos respetivos medicamentos.
Documentos que deve rasgar: recibos e faturas
Basta abrir a carteira ou até uma gaveta lá de casa, e encontramos dezenas de faturas e recibos completamente perdidos (alguns já gastos do tempo) relativos a idas ao supermercado, lojas de roupa, cafés e restaurantes. Não se esqueça, estes papéis contêm grande parte da sua informação pessoal.
Além disso, alguns destes documentos, têm de ser guardados por algum tempo, nalguns casos até mesmo por anos. Ainda assim, quando já não precisar deles, rasgue-os.
Cartão de embarque
Este documento é guardado nas gavetas lá de casa, muitas vezes, como simples recordação das mais variadas viagens feitas ao longo dos últimos anos. Ainda assim, há quem simplesmente os deite logo ao lixo. Assim, não se esqueça que os cartões de embarque fazem parte da lista de documentos que deve rasgar antes de deitar fora.
O código de barras disponibiliza toda a sua informação pessoal, bem como o registo de localização e até a frequência com que costuma viajar. O que torna isto ainda mais preocupante é que já existem sites especializados em decifrar essa informação e estão completamente acessíveis através de uma simples pesquisa online.
Não esqueça do CV
Muitas vezes esquecido, este documento contém todo o seu registo académico e profissional, além da sua informação pessoal.
Cartas RSF
Certamente, recebe em casa correspondência que inclui um envelope RSF (Resposta Sem Franquia) para que possa enviar a sua resposta a uma qualquer oferta comercial ou inquérito, por exemplo.
Podem parecer inofensivos, mas, nesta perspetiva, não são. Isto porque, os formulários que deve devolver, já contêm a sua informação (nome e morada), previamente preenchida e, nas mãos erradas, pode ser usada para cometer as mais variadas fraudes em seu nome.
Se não costuma dar importância a este tipo de comunicações gratuitas, o melhor mesmo é rasgá-las antes de as colocar no caixote do lixo.
Autocolantes ou etiquetas de encomendas
Quando recebe uma encomenda, na etiqueta constam os seus dados pessoais. Inclusive, pode até constar o seu número de telefone para ser usado caso não consigam fazer a entrega. Então, destrua todas essas etiquetas antes de deitar fora as embalagens.
Leia ainda: Se perder documentos pessoais, saiba como obtê-los de novo;
Em conclusão, existem diversos documentos que devido à informação que contêm, deve mesmo destruir antes de os deitar fora. Caso não o faça, corre riscos de alguém mal-intencionado fazer uso abusivo dos mesmos. E, assim, poder ter problemas pessoais e financeiros graves.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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