Vida e família

Um café e um strudel, na Viena mais chique

Nada como começar o ano com novos projetos. Se der, que tal uma escapadinha a Viena, uma das míticas cidades da Europa Central? Não dá? Dá, sim. Vamos num jogo.

Nada como começar o ano com novos projetos. Se der, que tal uma escapadinha a Viena, uma das míticas cidades da Europa Central? Não dá? Dá, sim. Vamos num jogo.

Um jogo de tabuleiro com uma pitada de contas e cálculos, já agora. A Viena que Grand Austria Hotel (2015) propõe que visitemos é a do início do século XX, altura em que era uma das metrópoles mais famosas do Velho Continente. Sob o domínio do imperador, cruzavam-se nas ruas artistas, políticos, nobres, cidadãos e, também, turistas. Mas o nosso papel não vai ser passear. Neste jogo, temos a possibilidade de testarmos os nossos dotes enquanto hoteleiros.

Modéstia inicial, de olhos postos na grandeza

A nossa aventura começa com um pequeno e modesto hotel. Vamos ter de o expandir, abrindo cada vez mais quartos e andares, sem esquecer que os hóspedes que, entretanto, nos entrarem pela porta vão desde logo exigir-nos um serviço de primeira qualidade.

Por isso, quando indicarmos a alguém uma mesa do nosso pequeno café, mais vale termos a certeza de que a despensa está bem fornecida e de que o nosso pessoal de cozinha e de serviço de sala está devidamente formado. E, mesmo que o negócio de repente nos pareça ir de vento em popa, convém não esquecer as reverências ao todo-poderoso imperador. Se não cuidarmos desse aspeto político, a nossa reputação é bem capaz de cair no esgoto.

Tudo neste jogo tem um toque clássico. Por exemplo, ao pegarmos no manual de instruções, somos recebidos por um guia chamado Leopold. Ele é daqueles empregados que ainda faz salamaleques aos cavalheiros e beija as mãos das senhoras. Muito chique. E útil, pois Leopold avisa-nos logo que os hóspedes são sempre o mais importante; só se eles estiverem contentes é que decidirão instalar-se num dos nossos quartos.

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Gerir stocks e adequar a oferta e a procura

Imagem do jogo de tabuleiro Grand Austria Hotel (2015), onde é possível ver a caixa, mas também os elementos que compõem o jogo desde o tabuleiro às cartas, ícones e dados.

Cada tipo de cliente corresponde a uma cor e, claro está, todos têm exigências diferentes. Não é o mesmo servir um homem de negócios ou a filha do barão, um veterinário ou um arquiteto, um alfaiate ou um general. Temos de estar preparados para tudo, pois pelo nosso café tanto pode passar o procurador-geral, como um compositor ou o conde imperial. Para servir adequadamente os nossos hóspedes, podemos contar com a ajuda de staff especializado, mas Leopold avisa que um bom hoteleiro até é capaz de se safar quase sozinho. Só no jogo, claro. E mesmo aí…

Grand Austria Hotel é um jogo em que a complexidade aumenta a cada ronda, à medida que os hóspedes se sucedem, que abrimos mais quartos, que contratamos pessoal, que fazemos contas ao dinheiro que temos, que inventariamos os bolos, cafés, garrafas de vinho e os tipicamente vienenses strudels que temos armazenados. O nosso stock tem de ser gerido da forma mais ajustada possível, para não se perderem preciosas rondas.

Que interessa ter muitos quartos disponíveis se antes não conseguirmos servir os clientes no café? Ou que interesse tem termos o café a abarrotar de gente importante se já estamos lotados e ainda não conseguimos completar as obras dos novos quartos? O sucesso está no encadeamento preciso de todas as áreas. Sem se ficar demasiado atrás na pista do emperador, pois, em certas fases, este pode oferecer bónus ou decretar castigos.

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O duque pede café, o pintor prefere vinho…

Como Leopold nos avisa, é importante escolher bem os clientes. Para quê ir buscar um artista que quer um tipo de quarto específico se não tivermos nada ao seu gosto? A oferta tem de se adequar à procura; ou, neste caso, é preciso selecionar o cliente de acordo com o que temos para oferecer.

Nas primeiras tentativas, enquanto se fica a conhecer os gostos da sociedade vienense, talvez seja boa ideia concentrar esforços nos objetivos políticos. Eles variam de jogo para jogo e, por exemplo, podem estipular prémios para quem ganhe X dinheiro, atinja o espaço X da pista do imperador, tenha X empregados no staff ou consiga ocupar X números de quartos. Traçar a rota para um ou dois desses objetivos ajuda a compartimentar o pensamento. Depois, quando formos hoteleiros experientes, já poderemos jogar em várias áreas em simultâneo.

Independentemente dos caminhos escolhidos, em Grand Austria Hotel o jogador terá de conseguir dominar uma palavra mágica: crescimento. Sem uma estratégia sólida de crescimento, o nosso hotel ficará estagnado e nunca passaremos de uma operação de esquina, incapaz de atrair uma clientela cada vez mais sofisticada e exigente. Afinal de contas, estamos na Viena do virar de século, em plena Belle Époque. As pessoas desta época não se contentam com um cachorro-quente e um refrigerante.

Vai um strudel e um chá, servidos em vistosa porcelana?

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Paulo M. Morais cresceu a jogar futebol de rua e a ouvir provérbios ditos pelas avós. Licenciou-se em Comunicação Social e especializou-se nas áreas do cinema, dos videojogos e da gastronomia. É autor de romances e livros de não ficção. Coleciona jogos de tabuleiro e continua a ver muitos filmes. Gosta de cozinhar, olhar o mar, ler.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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