A vida no estrangeiro continua a levar talento português além-fronteiras, embora tenha registado uma descida significativa nos últimos anos. Segundo dados da Pordata, em 2018, Portugal tinha 81.754 emigrantes (contra os 134.624 emigrantes registados no auge da crise europeia, em 2014).
Se procura melhor qualidade de vida fora de Portugal ou quer simplesmente viver a experiência de trabalhar fora de Portugal, antes de comprar o bilhete de ida analise todas as questões. O Doutor Finanças reuniu algumas dicas para quem quer viver no estrangeiro - desde a documentação ao estilo de vida, descubra tudo o que é necessário para se adaptar da melhor forma.
Documentação
Antes de partir, confirme a validade do seu cartão de cidadão ou bilhete de identidade. Para além do documento de identificação, se viajar para fora do espaço europeu irá necessitar de um passaporte e, dependendo do país de destino, um visto de residência. Os vistos são concedidos através de pedido ao consulado, pelo que se aconselha que, para preparar a sua vida no estrangeiro, consulte o consulado do país de destino para se informar sobre os vistos.
Dependendo da sua profissão e das funções que irá desempenhar no seu novo emprego, poderá precisar de uma licença internacional de condução e de uma certidão de registo criminal. Se vai viajar para um país da União Europeia, faça o pedido do Cartão Europeu de Seguro de Doença. Leve também consigo o boletim de vacinas. Verifique que tem o plano de vacinação em dia e informe-se sobre doenças típicas do país de destino. Alguns meses antes da partida, marque a Consulta do Viajante e aconselhe-se com um médico especialista sobre o plano de vacinas a seguir.
Impostos
Se, mesmo vivendo no estrangeiro, mantiver a sua habitação permanente e/ou o cônjuge a residir em Portugal, poderá manter o regime de tributação português. No entanto, vale a pena confirmar o regime de impostos no país de destino e saber como deve declarar rendimentos obtidos no estrangeiro para evitar casos de dupla tributação.
Em relação às contribuições para a Segurança Social, estas serão sempre efetuadas no país de destino (à excepção de trabalhadores destacados, como os das forças militares, por exemplo).
Se planeia mudar a sua vida para o estrangeiro, mas ainda não tem emprego garantido e está a receber o subsídio de desemprego em Portugal, pode mantê-lo, caso o país de destino pertença à União Europeia. Deve informar o Centro de Emprego e a Segurança Social da intenção de viver no estrangeiro.
Moeda e custo de vida
Um aspeto muito importante, ao pensar em emigrar, é avaliar o custo de vida no país para onde vamos viver. Deverá fazer uma pesquisa prévia sobre o valor do arrendamento de habitação, transportes, alimentação e outras necessidades básicas.
Caso viaje para fora do espaço europeu, considere também informar-se acerca dos custos relacionados com a saúde e, eventualmente, contratar um seguro de saúde no país de destino.
Confirme com o seu banco quais as taxas por levantamentos e movimentos efetuados no estrangeiro. Em algumas situações, poderá ser vantajoso abrir uma conta bancária no país de destino. Se viajar para um país cuja moeda oficial não seja o euro, pondere trocar algum dinheiro para os primeiros dias. Não aconselhamos viajar com grandes quantias de dinheiro: além de poder encontrar problemas em algumas fronteiras, corre o risco de ser assaltado.
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Habitação
Se já tem contrato de trabalho com uma empresa no estrangeiro, peça antecipadamente auxílio para encontrar casa no país de origem. A maioria das empresas que estão habituadas a contratar fora das fronteiras nacionais proporciona este apoio aos funcionários, tendo inclusive casas disponíveis para receber os novos colaboradores durante um período pré-definido.
Caso não tenha ainda emprego no país de destino, aja com cautela no momento de procurar casa. Antes de iniciar a procura, faça uma pesquisa junto de amigos e através da Internet para mapear as zonas mais caras da cidade, bem como os locais a evitar. Fazer as mudanças com mobiliário pode ser dispendioso e difícil, pelo que o ideal será procurar uma casa para alugar que inclua, pelo menos, o mobiliário básico.
A procura de apartamento deve ser feita através de agências imobiliárias autorizadas. Evite contactos diretos com particulares, sob pena de ser alvo de burla. Faça as visitas na companhia do agente imobiliário ou de um amigo e discuta sempre as condições com o agente imobiliário antes de aceitar uma proposta.
Se deixar um imóvel vazio em Portugal, pondere a opção de ganhar rendimento extra através do arrendamento a estrangeiros. No entanto, deve sempre ter alguém de confiança que vá monitorizando o uso dado à casa e procedendo a pequenas reparações e manutenções.
Língua e costumes
Mais do que superar as incertezas financeiras ou as dúvidas sobre leis e procedimentos, a solidão e as saudades do país materno são os maiores desafios de um emigrante. Por isso, se vai viver no estrangeiro sozinho, procure de antemão estratégias para o manter motivado, mesmo nos períodos mais difíceis.
Para alguns, a língua do país de origem não tem segredos. Nestes casos, será uma questão de tempo (e de hábito) até se sentirem perfeitamente confiantes na segunda língua. Noutros casos, a língua do país de origem pode ser um pouco mais difícil. Inscrever-se num curso de línguas pode ser uma boa forma de se familiarizar com a língua e conhecer pessoas na cidade nova.
Procure também associações e grupos recreativos de portugueses. Isto poderá ser muito útil numa fase inicial, em que a língua e a nova cultura poderão dificultar a integração. Com uma ajuda em português, as dificuldades serão mais facilmente ultrapassadas.
Estes grupos podem ainda ser de grande utilidade para quem ainda não tem emprego garantido no país de destino e para quem viaja para países culturalmente muito diferentes de Portugal. Conhecer e respeitar os costumes e traços culturais do país para onde viaja é um passo essencial para uma transição sem problemas, especialmente fora da Europa.
Um exemplo: se, no Médio Oriente, chegar atrasado a um compromisso é aceitável e até mesmo prática recorrente, em países como a China, o Japão, a Alemanha e a Inglaterra, a falta de pontualidade é considerada uma ofensa.
Estas são alguns aspetos que deve ter em atenção se for ter uma vida no estrangeiro.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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