Há alguns gastos no nosso dia a dia que são difíceis de contornar, como é o caso da habitação. E são, por regra estes gastos, que representam a maior fatia do orçamento das famílias. Contudo, as condições de crédito que conseguimos quando comprámos a casa não têm de ser eternas.
Independente do período em que vivemos – sendo certo que o atual pode representar preocupações acrescidas – ter noção exata destes encargos e tentar reduzi-los é o nosso maior escudo.
Reduzir estes encargos pode parecer uma tarefa hercúlea, mas não é. Há soluções simples e a única coisa que exigem é ação.
Quanto paga? E o que paga?
Para poder reduzir os encargos que tem atualmente a primeira coisa é saber exatamente quanto gasta por mês. Faça o levantamento de tudo, desde condições do crédito até aos produtos associados.
Assim, para começar responda a estas questões:
- Quanto paga de prestação da casa?
- Qual é o spread associado? E a TAEG, sabe?
- Tem o crédito indexado a uma taxa fixa ou variável?
- Quanto tempo falta para terminar o contrato?
- E os seguros, que seguros tem e quanto paga?
- O que paga de comissões? Paga pelo processamento da mensalidade? E paga de custos associados a cartões de crédito, por exemplo, que subscreveu para ter acesso às condições propostas pelo banco.
Depois de ter a resposta a estas questões é altura de pesquisar e perceber o que está a ser praticado no mercado. Claro que vai encontrar publicidade com cenários que podem não estar ao alcance de todas as carteiras, mas se atualmente tem um spread de 2% ou de 1,5%, saiba que há bancos a oferecer um spread mínimo inferior a 1%. Claro que, quando vemos anunciar um spread “mínimo” ou “desde”, temos de ter presente que estas condições só são oferecidas mediante determinadas condições.
A partir daqui já terá as ferramentas necessárias para tentar melhorar as condições do seu crédito.
Negociar condições com o seu banco
Uma das primeiras coisas que poderá fazer é entrar em contacto com o seu banco, questionando qual é a abertura para reverem as condições do seu crédito. Uma vez que já tem noção do que está a ser praticado no mercado, tem as ferramentas para poder questionar todas as condições ao seu banco: das taxas de juro aos seguros.
Pedir outras propostas
Depois de ouvir o seu banco, não dê por concluída a sua missão. Como em qualquer outra situação, o seu poder de negociação aumenta se tiver mais do que uma proposta. Tendo isto presente, peça propostas a outras entidades.
Pode optar por pedir ajuda a um intermediário financeiro, como o Doutor Finanças. Isto porque os intermediários financeiros têm um poder negocial superior ao de um particular e não cobram aos clientes por este serviço. Além disso, têm um conhecimento do mercado e das ofertas existentes superior ao de qualquer um de nós.
Transferir o crédito para outro banco
Se conseguir que outro banco lhe ofereça condições melhores do que as oferecidas pelo seu banco, transfira o crédito para outra instituição.
Esta decisão permite-lhe rever todas as condições. Além de poder conseguir um spread mais baixo do que o atual, poderá optar por outro indexante no seu crédito e repensar se é preferível uma taxa variável (Euribor), uma taxa fixa ou uma mista (primeiros anos taxa fixa e depois variável).
Este é um bom momento para tentar tirar proveito do ambiente de taxas de juro baixas. Não se prevê que os juros comecem a subir depressa, mas, dificilmente, teremos um ambiente de juros mais atrativo que o atual.
Se optar por transferir o crédito, há uma outra “prestação” que paga atualmente que vai deixar de pagar: a comissão pelo processamento da prestação. O Parlamento português aprovou o fim da cobrança desta comissão por parte dos bancos, mas apenas a partir de 2021 e só deverá abranger os novos contratos de crédito. Veja no seu extrato bancário quanto é que paga todos os meses para que o banco lhe cobre a prestação do crédito. Há algumas instituições em que o valor supera os 3 euros por mês.
Rever os seguros associados ao crédito
Quer poupar em 2021? Verifique a sua carteira de seguros
Muitas vezes, quando pensamos no encargo com o crédito habitação só nos lembramos da prestação. Mas os seguros associados também representam uma fatura elevada todos os meses.
Rever as condições dos seguros que estão associados ao crédito habitação pode representar uma poupança significativa. E pode fazê-lo de diferentes formas:
- Se a sua decisão é negociar apenas com o seu banco, quando estiver a negociar as condições gerais coloque os seguros como despesa também a rever;
- Se as suas condições do crédito são já muito atrativas e não quiser alterá-las, questione o seu banco sobre revisão apenas dos seguros;
- Ao transferir o seu crédito para outra instituição, avalie o que será mais vantajoso para si: subscrever os seguros com o banco que vai financiar o crédito ou subscrever através de outra entidade.
Reduza ou alargue o prazo
As necessidades, ou os desejos de poupança, diferem de pessoa para pessoa. No caso do crédito, poupar significa pagar o mais depressa possível. Mas, no dia a dia, muitas pessoas precisam de poupar no imediato e, aqui, a solução será outra.
Redução da prestação ou do prazo no crédito habitação: qual a melhor opção?
Para quem tem folga orçamental, a recomendação é que reduza o prazo do seu crédito. Diminuir o número de meses a pagar vai implicar uma poupança real no final do contrato. Se tiver uma proposta de financiamento que reduza os juros e se tiver capacidade financeira para manter a prestação que paga atualmente, pondere reduzir o prazo do contrato. Não sentirá nada no imediato, mas poderá poupar milhares de euros.
Para quem a necessidade é reduzir o encargo imediato, a solução pode passar pelo aumento do prazo de financiamento. Neste caso, pagará menos agora, mas mais ao longo do contrato.
E o trabalho, compensa?
Se a dúvida é: será que compensa ter este trabalho? A resposta parece simples: sim. Mesmo que a poupança seja de 10 euros mensais, pense que no final de 12 meses já estamos a falar de 120 euros.
Mas vamos analisar um caso prático. O Pedro e Maria (nomes fictícios) chegaram ao Doutor Finanças com um crédito habitação no valor de 149 mil euros, com um spread de 1,4% e 348 meses ainda pela frente. Analisando a sua situação, foi possível conseguir transferir o empréstimo para outra instituição, com um redução do spread para 1,15%. Estes clientes quiseram manter o prazo. Só com a alteração do spread, a prestação diminuiu em 25 euros para 475,52 euros. Esta família poupou praticamente 300 euros ao longo de um ano. E isto apenas com o crédito habitação.
A Maria e o Pedro também reviram os seus seguros associados à casa e conseguiram poupanças significativas. Neste caso em concreto, esta família pagava quase 130 euros entre seguro de vida e seguro multirriscos, tendo conseguido reduzir esta fatura para menos de 90 euros.
Entre prestação do crédito e seguros, esta família viu os seus encargos mensais diminuírem em 62,8 euros. Ao longo de 12 meses, são menos 753,6 euros.
Soluções para reduzir os encargos com o crédito habitação não faltam. O essencial é que decida fazê-lo. Não espere por melhores dias, nem por estar numa situação desesperante. Antecipe-se e reduza os seus encargos, sem pressões nem limitações.
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