Finanças pessoais

Final do curso, e agora?

Vai terminar o curso e tem dúvidas sobre que caminho seguir? Conheça algumas dicas que o podem ajudar nesta fase

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Final do curso, e agora?

Vai terminar o curso e tem dúvidas sobre que caminho seguir? Conheça algumas dicas que o podem ajudar nesta fase

Com o final do curso a aproximar-se, é normal que existam várias questões sem resposta na sua cabeça. Quando uma licenciatura termina, há quem considere prosseguir os estudos, ganhar experiência profissional num estágio ou entrar diretamente no mercado de trabalho. E se está à procura de uma verdade universal, saiba que não existe uma resposta certa que se aplique a todos os recém-licenciados. Tudo depende dos seus objetivos e do caminho que quer seguir nos próximos anos. 

Nesta fase, também é natural que tenha muitas dúvidas sobre como será a sua vida enquanto adulto. Por norma, aqui entram as questões relacionadas com o dinheiro, como por exemplo quanto irá ganhar e pagar de impostos, mas também questões relacionadas com a sua independência. Vai continuar em casa dos seus pais? Quer alugar uma casa? Ou está pronto para dar o passo de comprar a sua primeira casa? Olhando para a realidade do setor imobiliário, esta é uma resposta que requer fazer contas e ver quais são as suas possibilidades financeiras.

O melhor conselho é: não se precipite a tomar decisões nesta etapa da sua vida. Embora seja uma fase confusa, saiba que, com o final do curso e com a entrada no mercado de trabalho, se não sair imediatamente de casa dos seus pais tem a possibilidade de criar uma poupança significativa. Mas, para tal, precisa de saber fazer um orçamento, medir bem os seus gastos e redirecionar muito do que ganha para uma poupança. Ao fim de uns anos, tem a hipótese de ter juntado milhares de euros. E esta poupança pode ser o empurrão que precisa para alcançar a sua independência financeira e não só.

Sabendo que este resumo pode ser insuficiente nesta fase, de seguida, respondemos a algumas questões que podem ajudá-lo a tomar decisões após o final do curso.

Leia ainda: Não sabe o que fazer depois da licenciatura? 7 dicas que o podem ajudar

O final do curso aproxima-se. Devo continuar a estudar?

Há quem tenha a certeza que o percurso escolar ainda não terminou, enquanto outros consideram que está na hora de dar início a outra fase da vida e deixar a de estudante para trás. Se nenhum destes é o seu caso, então provavelmente está indeciso se deve ou não continuar a estudar. Para encontrar uma solução, talvez o melhor seja fazer certas perguntas, como:

  • Na minha área profissional, a licenciatura chega para alcançar os meus objetivos?
  • A minha futura profissão requer um grau de especialização mais elevado?
  • Consigo pagar, após o final do curso, uma pós-graduação ou um mestrado?
  • Tenho tempo e vontade de continuar a aprender?
  • Será que a experiência profissional neste momento é mais importante que uma nova especialização?
  • Estou certo da área em que me quero especializar?

Esta lista de perguntas pode ajudar na hora de encontrar a resposta que tanto procura. Caso pretenda continuar a estudar, também pode ter dúvidas sobre qual a melhor solução para si: uma pós-graduação ou um mestrado? 

Primeiro, precisa de saber que estamos a falar de especializações diferentes. Um mestrado, por norma, tem a duração de dois anos e concede o grau académico de mestre. Ou seja, se pretender seguir uma área de investigação ou de ensino universitário, esta solução é mais indicada. Mas tenha em conta que a admissão na maioria das instituições de ensino superior exige uma média final de 14 valores no seu curso superior. Em termos de vantagens, dado que confere um grau académico, o mestrado abre portas a tetos salariais mais atrativos.  

Quanto à pós-graduação, esta destina-se aos estudantes que pretendem adquirir conhecimentos mais técnicos ou específicos. Embora não conceda um grau académico, esta é uma solução que pode abrir portas para o mercado de trabalho e leva menos tempo a concluir (normalmente um ano).

Se quiser continuar a estudar, compare e avalie os custos de uma pós-graduação e um mestrado, para ver se as suas finanças suportam este encargo.

Leia ainda: Quanto custa um mestrado e uma pós-graduação em Portugal?

Colocar os conhecimentos em prática: Como encontro um estágio profissional?

Fazer um estágio profissional é uma excelente forma de ganhar experiência na área escolhida e, assim, ter o primeiro contacto com o mercado de trabalho. Por vezes, as instituições de ensino superior têm parcerias com grandes empresas de certos meios profissionais. Mas caso essa porta não se abra, há imensas empresas dispostas a aceitar estagiários nas mais diversas áreas. No entanto, é preciso ter em consideração que existem estágios não remunerados e opções mais vantajosas que outras.

Por exemplo, sabendo que nem sempre é fácil encontrar um primeiro estágio, existem apoios estatais e europeus para aumentarem as possibilidades de os jovens entrarem no mercado de trabalho. Caso esta seja uma solução interessante, é importante recolher informações sobre os estágios do IEFP, como os estágios Ativar.pt. Afinal, estes estágios são financiados e dão a possibilidade de muitos jovens conseguirem o seu primeiro emprego na área. Por norma, a duração do estágio não ultrapassa os 9 meses. Logo, esta solução pode ser interessante após o final do curso. 

duas mulheres sentadas a trabalhar em mesas separadas, a estagiarem após o final do curso

Estagiar no estrangeiro pode ser vantajoso após o final do curso?

Obter novos conhecimento noutros países é vantajoso em várias fases da vida. Se decidir estagiar no estrangeiro, saiba que pode melhorar significativamente a sua capacidade de adaptação a novos desafios, aumentar a sua rede de contactos, alargar os seus conhecimentos sobre o mercado internacional e, claro, enriquecer o seu currículo.

Mas, como deve imaginar, estagiar no estrangeiro pode pesar, e muito, na sua carteira. Por isso, muitos jovens optam por fazer um estágio no estrangeiro através de uma bolsa de Estudos do programa Erasmus +. Esta bolsa de estudos está associada à área de educação e juventude da Comissão Europeia. Embora permita efetuar estágios curriculares, extracurriculares para jovens matriculados em instituições do ensino superior nos níveis de licenciatura, mestrado ou doutoramento, as vagas são muito limitadas.

Assim, se pretende beneficiar deste apoio, deve visitar o site da Comissão Europeia, estar atento aos prazos das candidaturas e todos os critérios a seguir.

Caso não consiga obter esta bolsa, também pode equacionar outras soluções, como fazer um estágio remunerado num país estrangeiro. Existem estágios apoiados por universidades e empresas estrangeiras, facilitando assim que jovens licenciados possam estagiar noutros países. Para ter acesso a mais informações sobre estas vagas, o site Guia Europeu de financiamento divulga várias informações e ofertas nesta área.

Leia ainda: Quer fazer um estágio no estrangeiro? Saiba o que deve ter em consideração

Quero entrar no mercado de trabalho. O que devo fazer?

A entrada no mercado de trabalho nem sempre é fácil. É, por isso, uma fase que requer preparação e muita perseverança. Afinal, encontrar um emprego que se adeque às nossas expectativas pode ser complicado. Mas não é impossível. Claro que pode não conseguir o pacote salarial que ambiciona numa empresa que oferece todas as condições e um ambiente de trabalho que se enquadre na sua personalidade.

No entanto, lembre-se que esta é uma porta de entrada. O primeiro emprego serve para aprender, ganhar competências e enriquecer-nos enquanto profissionais e seres humanos. Se encontrar um emprego que permita evoluir na carreira e desempenhar novas funções, e que, ao mesmo tempo, valorize o bem-estar dos colaboradores, pode ter encontrado o emprego certo para si.

Assim, para não perder oportunidades de emprego valiosas, precisa de preparar-se ao máximo para evitar erros de iniciante. Dito isto, invista o seu tempo a: 

  • Fazer um currículo criativo que capte a atenção nos primeiros segundos de leitura. Este é um ponto chave para conseguir uma entrevista de emprego.
  • Elabore uma carta de apresentação (motivacional) que consiga demonstrar que reúne as caraterísticas e aptidões académicas e profissionais para a função a que se está a candidatar. Opte por dar o seu cunho pessoal a esta carta, realce alguns dos seus soft skills e clarifique as suas aspirações enquanto profissional.
  • Siga vários sites de emprego e ative notificações de emprego nas áreas em que ambiciona trabalhar, para que a sua candidatura seja vista pelos recursos humanos da empresa.
  • Prepare-se para cada entrevista de emprego. Ou seja, conheça bem as empresas, os seus valores e missões, bem como trabalhos desenvolvidos nos últimos anos. Invista tempo a preparar o seu discurso, para que este seja o mais claro possível no dia da entrevista. Pense sempre como é que, enquanto profissional, pode ser uma mais-valia para a empresa. Caso tenha dúvidas sobre a vaga de emprego, pode e deve colocar questões. Mas não exagere na quantidade de questões que coloca, uma vez que pode passar a mensagem errada.
  • Se tiver mais do que uma proposta, avalia bem todas elas. Pese bem os prós e contras, avalie o salário líquido, mas também outros benefícios e ainda o salário emocional.

Leia ainda: Entrada no mercado de trabalho: Guia de preparação

Quanto vou ganhar no meu primeiro emprego?

O valor do seu salário vai depender muito do tipo de carreira que vai exercer. No entanto, precisa de ter em conta que o seu salário bruto não é o montante que é transferido para a sua conta bancária. Assim, se numa entrevista quiser ter noção de quanto vai auferir, pergunte pelo valor do seu salário líquido. Isto porque, ao valor do seu salário bruto, são retirados os descontos para o Estado.

Por exemplo, vai ter de fazer descontos para o IRS (que dependem do seu agregado familiar, rendimento e localização geográfica) e para a Segurança Social (se for trabalhador por conta de outrem, é 11% do seu rendimento).

Contudo, lembre-se que não deve limitar a sua avaliação ao seu salário base. Hoje em dia, são muitas as empresas que concedem outros benefícios extrassalariais aos seus colaboradores, como subsídio de refeição, transporte, um valor fixo para gastar em certos serviços ou produtos que podem ou não estar isentos de descontos.

Além do valor monetário, lembre-se que existem benefícios que podem não ter preço para si, como um horário flexível, a possibilidade de estar em teletrabalho ou regime híbrido, ter dias de férias extra, entre outras regalias.

Mas, no final, na hora de comparar propostas ou aceitar um contrato de trabalho, deva fazer contas e saber exatamente quanto vai receber. Para ajudar neste processo, pode recorrer ao simulador de salário líquido de 2023.

E se decidir ser trabalhador independente?

Caso decida ser trabalhador independente, há regras diferentes. Primeiro, vai ter de abrir atividade nas Finanças, uma opção que será depois comunicada à Segurança Social. Na hora de abrir atividade, tem de definir o CAE em que se enquadra a sua atividade profissional, se fica enquadrado no regime simplificado ou no regime de contabilidade organizada.

No que respeita à faturação, caso não atinja os 13.550 euros, fica isento de cobrar IVA (Imposto de Valor Acrescentado) nos seus recibos. Já o limite máximo para a isenção de retenção na fonte de IRS é de 12.500 euros. Mas atenção que este valor não o isenta de pagar imposto após a entrega da sua declaração de IRS.

Quanto à Segurança Social, os trabalhadores independentes estão isentos do pagamento de contribuições durante os primeiros 12 meses a partir do momento em que abrem atividade. Antes das isenções chegarem ao fim, é fundamental que tenha atenção aos prazos de entrega das declarações e pagamentos dos seus impostos.

Leia ainda: Trabalhadores independentes: O que muda em 2023?

Gostava de sair de casa dos meus pais após o final do curso. Que opções tenho?

Sair de casa dos pais após o final do curso requer alguma preparação financeira. Afinal, vai ter de assumir os encargos associados a uma casa, seja esta alugada ou comprada.

Nesta fase da vida, muitos jovens decidem alugar um quarto ou partilhar uma casa alugada. Aqui, as despesas costumam ser fixas, uma vez que paga o aluguer de um quarto e, normalmente, as despesas de eletricidade, água, gás e telecomunicações estão fixadas no contrato de aluguer ou podem serem estipuladas entre residentes.

Caso pretenda um local só para si, tem duas opções: Ou compra uma casa ou aluga. No entanto, estas são duas soluções que envolvem encargos bem distintos. Mas cada uma delas tem os seus prós e contras.

Se pretender alugar uma casa, precisa de ter em conta que vai estar a pagar um imóvel que nunca será seu, e que a oferta no mercado é bastante reduzida. Logo, as rendas estão cada vez mais elevadas de norte a sul do país.

No entanto, considerando o investimento inicial, esta solução é bem mais acessível do que comprar casa. Afinal, apenas tem de pagar, no máximo, uma caução (valor de uma renda) e uma renda antecipada. Tudo depende do que o senhorio estipular no contrato. Outra das grandes vantagens do aluguer é que não tem de se preocupar com o pagamento do condomínio, impostos e de certas obras. Todos estes deveres estão a cargo do senhorio e não do arrendatário.

Pelo contrário, caso queira ser proprietário de um imóvel, é fundamental que tenha uma poupança significativa para cobrir certos custos. Por exemplo, a compra de uma casa com recurso a um crédito habitação requer o pagamento da designada "entrada inicial". No fundo, esta é a percentagem que o banco não financia e que corresponde, no mínimo, a 10% a 20% do valor do imóvel.

Depois, deve somar o valor das comissões bancárias (podem chegar aos 1.000 euros), escritura do imóvel, IMT, imposto do selo de aquisição da casa, imposto do selo do crédito, seguros obrigatórios do crédito habitação e, claro, a prestação mensal do seu crédito.

Dito isto, é preciso avaliar bem a sua situação financeira antes de dar este passo, para depois perceber se deve alugar ou comprar casa após sair de casa dos seus pais. Pode e deve ainda comparar os custos de alugar e comprar casa em 2023.

Leia ainda: A minha primeira casa: Devo comprar ou arrendar?

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Como é que vou alcançar os meus objetivos futuros?

Por fim, nesta fase da vida, há outras questões que se levantam além do emprego e da habitação. Quais são as suas ambições? Onde quer chegar ou o que quer estar a fazer daqui a uns anos? Como imagina a sua vida? Ao pensar no futuro, consegue traçar metas para alcançar os seus sonhos. E quanto mais ambiciosos eles forem, melhor. No entanto, vai ter de fazer esforços e de correr certos riscos para alcançá-los.

Assim, é preciso criar estratégias financeiras para o seu dinheiro. O primeiro passo é criar um orçamento familiar através do levantamento de todos os rendimentos e despesas. Com este orçamento feito, percebe quais são as despesas essenciais e não essenciais. E assim, pode cortar em alguns gastos e começar a construir uma poupança para alcançar os seus sonhos e o seu fundo de emergência.

Lembre-se que esta fase da vida é a melhor altura para poupar. Isto se ainda viver em casa dos seus pais e não tiver filhos. Se todos os meses reservar 20% ou mais do seu ordenado para poupanças, ao fim de poucos anos conta com milhares de euros de parte. Quanto maior for o valor que coloca de parte, mais dinheiro irá arrecadar, podendo assim correr alguns riscos e fazer certos investimentos que possibilitem maximizar o seu dinheiro. Estas são as bases para conseguir ter estabilidade financeira e conseguir alcançar os seus sonhos.

Contudo, tenha em conta que é importante aprender sobre literacia financeira e atualizar os seus conhecimentos regularmente. Por isso, sempre que possível, faça cursos sobre gestão financeira, investimentos, entre outros temas pertinentes nesta área.

Leia ainda: 7 objetivos financeiros que o levam à independência financeira

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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