Investimento: Ser inteligente ou consistente?

O investimento é um caminho que tem como objetivo a obtenção de retornos que vão ao encontro das nossas expectativas.  O que torna tudo mais complexo é que não existe um único caminho para alcançar o sucesso. Contudo, existem alguns pressupostos que devem estar bem presentes e que podem fazer a diferença.

Risco

Um dos pressupostos mais importantes e que devemos definir à partida, no momento da elaboração de uma estratégia de investimento é o risco. A definição do risco é muito subjetiva, uma vez que se trata de algo que não iremos conseguir controlar. Por norma, risco está associado a volatilidade. Os ativos menos voláteis são (teoricamente) os mais estáveis. Assim, quem quiser obter maior rentabilidade terá de se expor um pouco mais, sabendo que o risco tem os dois lados da moeda: performance e perda.

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Tempo vs. risco

Ao definirmos o caminho que queremos seguir, devemos perceber até onde pretendemos ir e qual o tempo para lá chegar. De uma forma simples, podemos juntar o tempo ao risco e, desta forma, minimizarmos o impacto do segundo no nosso património. O segredo para termos sucesso nos nossos investimentos passa sempre por três componentes: ativos de qualidade que, em conjunto, formem uma carteira equilibrada; tempo que permita que estes ativos tenham a capacidade de gerar valor; e por fim a definição do risco que cada ativo deve ter no nosso portefólio, de forma a que a carteira global vá ao encontro das nossas expectativas e que as oscilações que irá ter ao longo do período definido sejam encaradas com naturalidade e sem causar ansiedade.

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Saber o que temos

Para que tudo isto corra bem é fundamental sabermos porque é que estamos a investir, quais os riscos associados e a forma como esse caminho irá ser realizado. Quanto maior o risco, maior será a turbulência na viagem que iremos fazer, mas também poderemos ter um sorriso maior no final da viagem. Cada um deverá escolher a forma como quer percorrer o seu caminho. O que pretendo destacar é que o conhecimento é sempre determinante. Se soubermos o que temos e onde estamos a investir, saberemos reagir à adversidade quando for necessário, e percebemos o que está a acontecer a cada momento com os nossos investimentos, seja pela via positiva (valorização) ou pela negativa (desvalorização).

Ser consistente ou inteligente

Esta é uma das “lutas” que muitos investidores têm ao longo das suas vidas. Num mundo cada vez mais rápido e global, as oportunidades estão sempre a aparecer. Se analisarmos os gestores que, ao longo dos anos, têm tido as melhores performances de uma forma consistente e não esporádica, percebemos que se focam na qualidade dos ativos e no tempo que lhes dão para que estes possam ser potenciados, ao invés de querer adivinhar o que vai acontecer a cada momento.

Para explicar este ponto de vista podemos analisar outro segmento dentro do investimento, o imobiliário. Alguém acredita que consegue comprar um casa e dez dias depois vendê-la com uma rentabilidade interessante? Na realidade, isto até pode acontecer, mas será esta a melhor estratégia para quem quer investir no imobiliário? Ou o ideal será investir hoje, dar tempo ao tempo, e daqui a alguns anos retirar os dividendos do investimento inicial?

Nos mercados financeiros podemos e devemos pensar da mesma forma. O objetivo não deverá passar por encontrar o ativo que vai valorizar mais nos próximos dias ou no próximo ano. O objetivo deverá ser criar uma estratégia de investimento, com empresas de qualidade que tenham uma base sustentada e um potencial definido de crescimento dentro dos seus negócios. Depois é esperar que as coisas se desenvolvam e que as empresas correspondam ao esperado. Naturalmente que é importante continuar a acompanhar cada um dos ativos que temos em carteira e perceber se o nosso racional inicial se mantém ou se foi alterado em função do contexto e circunstâncias que vamos presenciando. Um dos investidores mais conhecidos no mundo é Warren Buffet que tem um track record impressionante ao longo dos anos. Como referiu o seu sócio, Charlie Munger (entretanto já falecido): “É incrível a vantagem que investidores que investem no longo prazo, como eu e o Warren Buffet, têm por tentarem ser consistentes e não estúpidos, em vez de tentarem ser muito inteligentes.” De uma forma simples, o foco de um investidor não deve ser o de tentar encontrar o melhor ativo a cada momento, mas sim focar-se na qualidade dos negócios onde vai investir e dar tempo para que o valor venha ao de cima.

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Diogo Luís

Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.