É comum ouvirmos falar dela nas notícias. Num mês aumenta, no outro abranda. Mas também a sentimos, por exemplo, quando vamos ao supermercado e temos de gastar mais dinheiro para comprar os mesmos produtos que comprávamos antes. Afinal, o que é a inflação?
Saiba como é calculada e qual o impacto na vida das famílias.
O que é a inflação?
A inflação é a subida geral e continuada dos preços dos bens e serviços, e não apenas o aumento em alguns artigos específicos. Na origem deste fenómeno podem estar causas como uma procura maior do que a oferta, o aumento dos custos de produção ou o excesso de dinheiro na economia.
Pondo a questão em números, se num ano comprava um conjunto de produtos por 100 euros e no ano seguinte passou a gastar 102 euros para adquirir exatamente o mesmo, significa que a inflação foi de 2%.
No entanto, como vamos ver mais à frente, nem todos os bens e serviços são considerados para efeitos de cálculo.
Como se mede a inflação?
Para calcular a inflação é usado um índice de preços no consumidor, no qual é considerado um cabaz de compras representativo do consumo das famílias. Assim, o que se faz é comparar o preço atual desse cabaz com o preço em períodos anteriores.
Dependendo do período de referência, é possível calcular as seguintes taxas:
- Homóloga: é usada para medir a evolução dos preços em relação ao mesmo período do ano anterior;
- Em cadeia: mede a evolução dos preços em relação ao mês imediatamente anterior;
- Média: serve para medir a inflação do ano, uma vez que mede a variação dos preços dos últimos 12 meses relativamente à média dos 12 meses imediatamente anteriores.
Mas, afinal, que bens são considerados no cálculo da inflação?
Para medir a inflação são tidos em conta bens e serviços como produtos alimentares, vestuário, eletricidade, água, combustíveis, bilhetes de transporte público, jornais, cabeleireiros, eletrodomésticos, seguros ou rendas de casa.
No entanto, os produtos não têm todos o mesmo peso dentro do cabaz. Por exemplo, a eletricidade têm um peso maior do que o café, e as autoridades têm isso em consideração quando calculam a inflação.
Nota: Se ouvir falar de inflação subjacente, saiba que esse é um cálculo que exclui os preços voláteis da energia e de alguns produtos alimentares.
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IPC e IHPC? Quais as diferenças?
Outros dois conceitos importantes para interpretar os resultados e perceber melhor o que é a inflação são o Índice de Preços no Consumidor (IPC) e o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC).
O IPC é calculado pelo Instituo Nacional de Estatística (INE) e mede a evolução dos preços de um conjunto de bens e serviços considerados representativos das despesas de quem vive em Portugal.
Já o IHPC é usado para medir a inflação dos países da Zona Euro. Neste índice, todos os países têm as mesmas categorias de bens e serviços nos seus cabazes e utilizam os mesmos métodos de cálculo. É por isso que o IPC e o IHPC de Portugal não são iguais.
A título de exemplo, este índice inclui a despesa dos turistas em Portugal, pelo que a categoria de restaurantes e hotéis tem um peso maior do que no IPC.
O objetivo do IHPC é permitir uma comparação entre países e usar esses dados para calcular a inflação na área do euro.
Nota: O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor considera as rendas, mas não as despesas associadas à habitação própria. No entanto, o BCE está a estudar a sua inclusão no futuro.
Vi nas notícias que a inflação baixou. Significa que os preços desceram?
Inflação: O que pode fazer para a contrariar
No geral, não. Como dissemos no início, a inflação é a subida continuada dos preços de um conjunto de serviços. É natural que nem todos eles se comportem da mesma maneira: alguns sobem e outros descem, mas se há inflação é porque o preço do cabaz, no seu conjunto, subiu.
Assim, quando ouve dizer que a inflação baixou, significa apenas que os preços tiveram uma subida menos acentuada do que tinham tido antes.
Para ajudar a explicar, vamos usar um exemplo do Banco Central Europeu (BCE). Num determinado ano, um cabaz composto por produtos alimentares, vestuário e cabeleireiro custava 850 euros. No ano seguinte, fruto de uma inflação de 2,9%, passou a custar 875 euros.
Passado outro ano, voltou a subir para 891 euros. Em relação aos 875 euros do segundo ano, o custo aumentou 1,8%. Como vemos, a inflação baixou (2,9% para 1,8%), mas o preço do cabaz aumentou na mesma.
Nota: O objetivo do BCE é que a taxa de inflação seja de 2% a médio prazo.
E quando os preços baixam?
Quando os preços baixam de forma generalizada, falamos de deflação. A última vez que a taxa de variação homóloga do IPC se comportou dessa maneira, em Portugal, foi em dezembro de 2020. Os preços baixaram 0,2% em relação a dezembro de 2019.
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Qual o impacto da inflação na vida das famílias?
A inflação leva à perda de valor da moeda e à quebra do poder de compra das famílias. Com o mesmo dinheiro, compram menos do que antes. Isto é ainda mais evidente quando o aumento dos rendimentos não acompanha a evolução da inflação.
Contudo, a subida dos preços pode não ser sentida por todas as famílias da mesma maneira, mesmo assumindo que os rendimentos são iguais. Alguém que precise de abastecer frequentemente o automóvel sente mais as subidas de preços dos combustíveis do que alguém que raramente o faz.
Assim, o impacto da inflação na vida das famílias depende também das suas necessidades e dos bens e serviços que mais consomem.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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