No dia em que se assinala o Dia Mundial da Poupança, quisemos perceber de que forma tem evoluído a poupança dos portugueses nos últimos anos. Com valores historicamente abaixo da média da Zona Euro, a taxa de poupança em Portugal atingiu os níveis mais altos no final de 2020 e início de 2021, muito graças ao abrandamento do consumo provocado pela pandemia.
Taxa de poupança raramente é superior a 7%
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de poupança mede a parte do rendimento disponível que não é utilizado em consumo final, sendo calculada através do rácio entre a poupança bruta e o rendimento disponível.
Desde 2014, este indicador tem estado frequentemente abaixo dos 7%. Ou seja, os portugueses apenas têm conseguido poupar uma pequena parte do seu rendimento. Se olharmos para os dados do último trimestre dos anos anteriores à pandemia, vemos que a taxa de poupança mais alta foi registada em 2014, com um valor de 6,9%.
Do lado contrário, surge 2015, com uma taxa de 4,2%. Seguem-se 2016 (4,4%) e 2018 (4,6%).
Pandemia aumentou a poupança dos portugueses
A pandemia da Covid-19 fez com que a poupança dos portugueses tenha atingido os valores mais altos dos últimos anos. No relatório relativo ao quarto trimestre de 2020, o INE apontava os motivos que explicavam uma taxa de 12,8%.
Por um lado, o consumo privado recuou 5%, uma "variação negativa sem precedente na série iniciada em 1995. Por outro, "o rendimento disponível das famílias aumentou 1%, refletindo em parte as medidas de políticas públicas adotadas no contexto da pandemia".
Ainda assim, o valor mais alto surgiu um trimestre depois, já em 2021. Os 14,2% refletiam "sobretudo a redução de 1,7% do consumo privado".
No final desse ano, a taxa fixou-se em 9,9% e desceu nos dois seguintes: os anos de 2022 e 2023 fecharam com taxas de poupança de 6,3%.
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2024 e a comparação europeia
Até agora, os dois trimestres de 2024 para os quais há dados mostram níveis de poupança superiores aos registados nos dois últimos anos. No primeiro trimestre, a taxa de poupança foi de 9,2% e subiu no segundo para 9,8%.
Apesar de superarem a tal margem de 7%, mantêm aquilo que tem sido uma tendência: a poupança dos portugueses é menor do que a média da Zona Euro. De acordo com o Eurostat, os países da área do euro fecharam o primeiro trimestre do ano com uma taxa média de 15,2% e o segundo com 15,7%.
Para explicar a subida de um trimestre para o outro, tanto o INE como o Eurostat apontam o mesmo motivo: um aumento do rendimento disponível bruto superior ao crescimento do consumo privado.
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Mais de 40% dos portugueses não têm um fundo de emergência
Em maio deste ano, o Doutor Finanças e a Laicos - Behavioural Change apresentaram o estudo "Bem-estar financeiro em Portugal: Uma perspetiva comportamental", que tem como objetivo retratar a situação financeira dos portugueses.
Assim, em janeiro de 2024, foram recolhidas respostas de 800 pessoas, entre os 18 e os 75 anos, com naturalidade portuguesa e a residir em Portugal.
As conclusões mostram que 22% dos portugueses não têm nenhuma poupança e 32% não pouparam nenhuma parte do rendimento nos 12 meses anteriores. Além disso, 42% não tem um fundo de emergência capaz de cobrir despesas durante três meses em caso de doença, perda de emprego, recessão económica ou outras emergências.
O estudo mostra ainda que as pessoas com maiores rendimentos e escolaridade mais alta têm mais comportamentos de poupança.
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