Nuno Carregueiro
Nasceu em 1977, sendo jornalista desde 1999. Iniciou a carreira no Jornal de Negócios, onde esteve mais de 20 anos, ocupando várias funções, sempre com foco no online. Atualmente é jornalista independente, assina a newsletter diária de mercados Morning Call e colabora de forma regular com o ECO. Formado em Gestão no ISEG, tem especial interesse por tudo o que está relacionado com os mercados financeiros.
Investimentos

Investir em ações no longo prazo compensa

Nuno Carregueiro
Nasceu em 1977, sendo jornalista desde 1999. Iniciou a carreira no Jornal de Negócios, onde esteve mais de 20 anos, ocupando várias funções, sempre com foco no online. Atualmente é jornalista independente, assina a newsletter diária de mercados Morning Call e colabora de forma regular com o ECO. Formado em Gestão no ISEG, tem especial interesse por tudo o que está relacionado com os mercados financeiros.

Um estudo da CMVM mostra que as ações nacionais foram a aplicação financeira com melhor desempenho em Portugal nos últimos 25 anos.

Uma das principais recomendações que é efetuada aos investidores com uma estratégia de longo prazo é que apliquem uma parcela considerável da sua carteira em ações, pois esta é a classe de ativos que apresenta os retornos mais elevados quando analisados períodos mais longos. Esta constatação é dominante independentemente das geografias, oferecendo uma probabilidade muito elevada de quem investir hoje num índice de ações, registar uma rendibilidade positiva dentro de 10, 20 ou mais anos.

Não deixa de ser uma probabilidade e, no investimento em ações, é preciso ter sempre em mente que esta classe de ativos comporta um risco elevado. Além disso, as rendibilidades passadas não garantem rendibilidades futuras. Ainda assim, representa um conforto relevante olhar para o histórico do desempenho das ações no longo prazo quando se está a investir com um horizonte temporal alargado.

Existem inúmeros estudos, com diferentes metodologias, que validam esta narrativa de que as ações são a escolha acertada numa carteira de longo prazo. O índice norte-americano S&P500 regista um retorno médio anual em torno de 10% quer sejam analisados os últimos 100, 50 ou 20 anos. Descontando a inflação e continuando a assumir o reinvestimento dos dividendos, a valorização média anual está em redor de 7%. Baixando o período da análise para cinco ou 10 anos, os resultados são ainda mais interessantes, com retornos anuais em volta de 13%.

O mercado europeu tem um histórico de valorizações mais contidas, mas ainda assim bem interessantes. O Stoxx600, índice que integra as 600 maiores cotadas europeias e constituído em 1987, regista neste período uma valorização média anual próxima dos 8%. Estreitando a análise aos últimos 20 e 10 anos, os ganhos anuais são inferiores a 7%.

Estas valorizações muito atrativas escondem anos de quedas muito acentuadas, que provocaram rombos consideráveis nas carteiras dos investidores em ações. A chave está no desempenho a longo prazo, pois os períodos de alta têm sistematicamente conseguido mitigar os efeitos das fases negativas, reduzindo substancialmente o risco do investimento nesta classe de ativos.

Leia ainda: As estatísticas que deve conhecer para investir em ações

Estudo da CMVM destaca ações nacionais

Na bolsa nacional, existe uma escassez de informação sobre estas estatísticas de análise a dados históricos, que foi amenizada recentemente com um estudo bastante interessante publicado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) onde é avaliado o “retorno de aplicações financeiras” numa perspetiva de longo prazo. Apesar do desempenho medíocre da bolsa nacional neste século, as conclusões do regulador também destacam as ações e as vantagens de aplicar as poupanças em ativos cotados nos mercados mobiliários.

A CMVM não analisou apenas o desempenho das ações nacionais, mas antes quatro alternativas de investimento com diferentes níveis de risco: depósitos bancários; obrigações do Tesouro (OT) de longo prazo e certificado de aforro; fundos de investimento mobiliários; ações nacionais através de três índices. Foram analisados os dados entre o final de 1996 e o final de 2021 e considerados quatro cenários de investimento: 25 anos, 10 anos, 5 anos e 1 ano.

O regulador analisou três modalidades de investimento: aplicação de um montante único no início do período; aplicação de um montante idêntico todos os anos; aplicação de um montante idêntico todos os meses. Efetuou ainda a simulação aos resultados brutos, mas também com o impacto das comissões, impostos e inflação.

O PSI Geral, índice que agrupa todas as empresas cotadas na bolsa portuguesa, regista o melhor desempenho nos diversos cenários analisados, ficando à frente das obrigações, certificados de aforro e fundos. O PSI, que contempla apenas as maiores cotadas portuguesas, tem um dos piores desempenhos, com o principal índice português a ser penalizado pelas quedas muito acentuadas durante a bolha das tecnológicas (2000), crise financeira global (2007), pedido de assistência externa (2011) e colapso do BES (2014).

Um investimento de 15 mil euros num produto financeiro que replique o PSI Geral, em 31 de dezembro de 1996, chegou ao final de 2021 com um ganho de 38.941,16 euros, o que representa uma rendibilidade bruta (sem ter em conta impostos e comissões) de 259%, a mais elevada entre todas as aplicações analisadas no estudo. Em termos líquidos, o retorno total baixa para 26.825,91 euros (179%).

Estudo CMVM

Nas modalidades em que o investidor aplica um montante todos os anos, ou todos os meses, o PSI Geral também leva vantagem, embora a margem seja mais escassa e os ganhos menos significativos. Uma diferença que também ilustra a grande vantagem da capitalização dos montantes aplicados ao longo dos anos, validando que o tempo é um dos principais aliados dos investidores.

Na análise ao desempenho dos fundos de investimento consoante o nível de risco, o estudo indica que o retorno da aplicação mais rentável consegue superar o PSI Geral. Trata-se da classe 4, a segunda de risco mais elevado, que ao fim de 25 anos transformou uma aplicação de 15 mil euros em perto de 60 mil euros (rendibilidade bruta próxima dos 300%). O que evidencia que os fundos são uma alternativa eficaz ao investimento direto em ações ou índices de ações

Estudo CMVM

Nas conclusões do estudo, os autores assinalam que “não obstante terem passado por vários momentos de crise nos últimos 25 anos, os mercados de valores mobiliários apresentam-se como alternativas relevantes e competitivas para a aplicação de poupança de longo prazo”.

Acrescentam que “teria sido possível obter maiores retornos líquidos de comissões e IRS nas aplicações em ativos sintéticos que replicassem o índice PSI Geral e (principalmente) em fundos abertos com risco elevado (classe 4), do que em depósitos bancários e em dívida pública”.

Leia ainda: 12 regras de ouro para investir em bolsa

Investir para combater a inflação

Só por si, a evidência de que as ações são a melhor opção para aplicar as poupanças no longo prazo não deve ser justificação para escolher as ações. Os investidores de perfil conservador e que não suportam perdas de capital devem ficar afastados das bolsas, optando por outras soluções que também permitem uma remuneração atrativa e rendibilidades reais positivas.

O estudo da CMVM também incide sobre a análise ao impacto da inflação, que, ao contrário do tempo, é uma das principais inimigas do investidor. A aplicação de 15 mil euros em 1996, remunerada à taxa de inflação (58% em 25 anos), atingiria 23.702,9 euros no final de 2021.

As aplicações em obrigações do Tesouro, certificados de Aforro, PSI Geral, fundos de poupança reforma e outros fundos de investimento com risco mais elevado permitiriam ao investidor ganhos de poder de compra, uma vez que o montante acumulado após 25 anos seria superior ao que resultaria da remuneração da poupança à taxa de inflação. O mesmo não se pode dizer dos depósitos a prazo, que perderiam mais de 3 mil euros para a inflação neste período.

Concluindo, três mensagens a reter com este estudo sobre os investimentos de longo prazo: as ações são a melhor alternativa; existem outras opções que permitem combater a inflação; deixar o dinheiro parado no banco não deve ser uma opção.

Leia ainda: Obrigações, ações e dinheiro. Que peso devem ter na sua carteira?

Nuno Carregueiro
Nuno Carregueiro
Nasceu em 1977, sendo jornalista desde 1999. Iniciou a carreira no Jornal de Negócios, onde esteve mais de 20 anos, ocupando várias funções, sempre com foco no online. Atualmente é jornalista independente, assina a newsletter diária de mercados Morning Call e colabora de forma regular com o ECO. Formado em Gestão no ISEG, tem especial interesse por tudo o que está relacionado com os mercados financeiros.

Nasceu em 1977, sendo jornalista desde 1999. Iniciou a carreira no Jornal de Negócios, onde esteve mais de 20 anos, ocupando várias funções, sempre com foco no online. Atualmente é jornalista independente, assina a newsletter diária de mercados Morning Call e colabora de forma regular com o ECO. Formado em Gestão no ISEG, tem especial interesse por tudo o que está relacionado com os mercados financeiros.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

Partilhe este artigo
Tem dúvidas sobre o assunto deste artigo?

No Fórum Finanças Pessoais irá encontrar uma grande comunidade que discute temas ligados à Poupança e Investimentos.
Visite o fórum e coloque a sua questão. A sua pergunta pode ajudar outras pessoas.

Ir para o Fórum Finanças Pessoais
Deixe o seu comentário

Indique o seu nome

Insira um e-mail válido

Fique a par das novidades

Receba uma seleção de artigos que escolhemos para si.

Ative as notificações do browser para receber a seleção de artigos que escolhemos para si.

Ative as notificações do browser
Obrigado pela subscrição

Queremos ajudá-lo a gerir melhor a saúde da sua carteira.

Não fique de fora

Esta seleção de artigos vai ajudá-lo a gerir melhor a sua saúde financeira.